Intrigada com as inovações que a inclusão de
atividades virtuais poderia trazer para a educação básica, uma pesquisadora do Innosight Institute, dos
EUA, resolveu mapear modelos usados em 40 escolas americanas que tinham alguma
proposta digital. A pesquisa mostrou que, apesar do amplo uso dos computadores
no espaço escolar, a maior parte das instituições ainda não conseguiu explorar
o potencial das novas tecnologias.
O formato
mais encontrado por Heather Staker no estudo
foi aquele em que o aluno tem aulas presenciais tradicionais e busca
complementar seu aprendizado por meio das plataformas disponíveis on-line.
Nele, a interação entre os dois momentos é baixa, mas é um primeiro passo para
a adoção das novas tecnologias em sala de aula. Segundo a especialista, esse modelo
é um exemplo, ainda que rudimentar, do que chama de blended learning.
O termo em inglês, ainda sem equivalente no Brasil, é
usado para designar uma forma de educação mista, que inclui parte do
aprendizado em ambiente on-line e parte em salas de aula físicas, nos moldes
mais tradicionais. O formato, acredita Staker, tem potencial para revolucionar
a educação. Mas, para isso ocorrer, as escolas deverão usar as ferramentas
digitais para transformar e não apenas para incrementar as aulas.
Um dos principais pilares do blended learning
que pode ajudar nesse processo é a autonomia que as novas tecnologias podem dar
aos alunos, que passam a ter controle sobre o tempo, o lugar, o caminho ou o
ritmo de seu próprio aprendizado. “A autonomia é crucial para distinguir o blended
learning de formatos mais tradicionais”, diz Staker.
A preocupação de colocar o aluno como protagonista do
aprendizado não é apenas de Staker ou das 40 escolas americanas que a
especialistas monitorou. Aqui no Brasil, o assunto será o tema central do
painel de abertura da Educatec, fórum sobre inovação em educação da feira Educar Educador,
de 2012.
Na prática, é mais
fácil inovar no ensino fundamental do que no médio, quando há a cobrança da
preparação para o vestibular
Cristiana de Assumpção, coordenadora de tecnologias educacionais do Colégio Bandeirantes, considera
que as melhores oportunidades de levar o aluno ao protagonismo da aprendizagem
estão em propostas de atividades completamente novas, sempre combinando as
oportunidades que a tecnologia traz com orientações presenciais – o blended
learning de Staker. Esses projetos inovadores, afirma a professora, não
podem ser fechados, completamente programados pelos professores, mas devem
prever espaço para a intervenção natural dos alunos.
Assumpção cita como exemplo um jornal que alunos do
ensino fundamental do colégio onde leciona fizeram. Os jovens usaram iPads para
coletar informações no pátio da escola, lançaram mão de um aplicativo para
enquetes e produziram os textos. O projeto contou com a ajuda e a orientação de
professores de várias disciplinas. “Nesse caso, os alunos foram os
protagonistas. Eles encontraram a informação, transformaram e divulgaram.”
Um grande entrave para a adoção de propostas de
aprendizado mais inovadoras, afirma Assumpção, está nos currículos amarrados.
Por isso, a especialista diz que, na prática, é mais fácil inovar no ensino
fundamental do que no médio, quando há a cobrança da preparação para o
vestibular.
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