quinta-feira, 30 de junho de 2022

Pensamento criativo – qual lobo você está alimentando?


 Em volta da fogueira, o velho avô falou ao seu neto sobre a batalha que se passa dentro de cada pessoa. Ele disse, “Meu filho, a batalha se dá entre dois lobos dentro de todos nós. Um é o Mau. Ele é o medo, a raiva, a inveja, a tristeza, a inveja, a arrogância, a ganância, o ressentimento e a mentira. O outro é o Bem. Ele é a alegria, a paz, o amor, a esperança, a serenidade, a humildade, a cortesia, a empatia, a generosidade, a verdade e a fé”.

O garoto pensou um momento sobre o que tinha ouvido e perguntou ao avô, “Qual lobo vence?” O avô respondeu: “Aquele que você alimenta”.

Frequentemente somos colocados perante desafios que exigem uma escolha, especialmente entre manter-se amarrado a práticas e ideias obsoletas, ou olhar estes desafios como oportunidades de aprender, inovar e crescer.

A boa notícia é que temos uma escolha. Podemos alimentar o lobo do comodismo e do medo de errar, ou alimentar o lobo da coragem e da esperança. Podemos escolher em acreditar que somos criativos ou não.

Alimentando o lobo do Bem (e da Criatividade)

Algumas medidas simples, mas muito eficazes, que você pode tomar para alimentar e fortalecer sua criatividade:

1.     Acredite na sua criatividade – o primeiro passo é livrar-se da ideia “Eu não sou criativo”. Livre-se da crença de que a criatividade é um dom reservado para poucos privilegiados.  O talento criativo não é um clube exclusivo. Isto é como pensar que somente certas pessoas podem ser singulares. O que acontece é que algumas pessoas aceitam e expressam sua singularidade e outras não. Criatividade é como um raro presente que nos concedemos: a permissão para sermos nós mesmos. Nossa singularidade continua a ser o ponto principal. Frequentemente, esta atitude é suficiente para dar início a um fluxo de ideias.

2.     Exponha-se a novas experiências – seus sentidos capturam as informações básicas que sua mente usa para gerar novas associações. Quanto mais você se expõe a situações, pessoas e lugares diferentes, mais matéria prima você colhe para sua mente usar em novas conexões. Crie oportunidades para trazer diversidade e variedade à sua vida: viaje, leia livros e veja filmes diferentes dos que você costuma ler e ver, converse com pessoas com profissões, crenças, hábitos e estilos de vida diferentes do seu. Deixe sua curiosidade guia-lo por caminhos nunca antes percorridos. Em suma, saia da rotina e não tenha medo de conhecer ou fazer coisas diferentes.

3.     Dê as boas vindas a todas as ideias, mesmo as absurdas – você não deve se preocupar em somente ter grandes ideias. Afaste o censor que existe dentro de você e se concentre na quantidade; quanto mais, melhor. Algumas ideias que parecem absurdas podem ser as sementes de conceitos promissores. Deixe os julgamentos para mais tarde.

4.     Registre as ideias imediatamente – criatividade requer tanto imaginação como também muita disciplina e cuidados para não deixar perder as boas ideias. Quantas vezes você passou pela situação de estar dirigindo, andando na rua, almoçando, ou no metrô ou ônibus e, de repente, ter uma grande ideia. Você pensa: logo que chegar em casa ou no escritório, eu vou escrever esta ideia, ela é muito boa e não posso perdê-la. Mas, ao chegar lá você não se lembra mais da grande ideia, ou tem somente uma vaga lembrança e não consegue recuperá-la. Cultive o hábito de registrar todas as suas ideias. Use o que lhe for mais conveniente como bloco de notas, gravador de voz, os recursos de seu celular, etc. Não confie na sua memória. Se você não registrar suas ideias imediatamente, você se esquecerá da maioria delas.


Voltando ao início: Qual lobo você está alimentando neste momento?

 

 

 

segunda-feira, 20 de junho de 2022

Efeito fotoelétrico.

 

EFEITO FOTOELÉTRICO: O PRÊMIO NOBEL DE EINSTEIN E A ENERGIA LIMPA QUE O PLANETA PRECISA!
O efeito fotoelétrico consiste na emissão de elétrons de um material (geralmente metal) quando atingido por radiação eletromagnética, como a luz.
A descoberta do efeito fotoelétrico é atribuída ao físico Heinrich Hertz. Em 1887, ele observou que eletrodos (polos condutores de eletricidade), produzem mais faíscas elétricas, quando iluminados com luz ultravioleta.
Philipp Lenard, que foi assistente de Hertz, realizou estudos definitivos do efeito fotoelétrico. Em 1899, ele demonstrou que uma superfície metálica quando iluminada libera partículas eletricamente carregadas, as quais são idênticas aos elétrons descritos por Joseph Thomson, em 1897.
A teoria clássica do eletromagnetismo prevê que a energia dos elétrons deve aumentar com a intensidade da luz. No entanto, os resultados experimentais do efeito fotoelétrico constataram que a alteração na intensidade da luz em uma placa metálica não altera a energia dos elétrons. A energia dos elétrons aumenta, fazendo com que sejam ejetados de uma placa metálica, apenas com ondas de luz de alta frequência.
Em março de 1905, Einstein publicou um artigo explicando o efeito fotoelétrico. Seu artigo esclareceu a discordância entre os resultados experimentais do efeito fotoelétrico e o previsto pela teoria clássica do eletromagnetismo. Einstein estendeu a ideia de “quantum” de Max Planck à própria luz. Segundo Planck a radiação emitida ou absorvida por um objeto se dá em quantidades definidas (“quantum”), como pequenos "pacotes" de energia.
Einstein considerou a luz como um feixe de partículas (fótons). Quando esse feixe é direcionado a um metal, os fótons colidem com os átomos. Se a frequência de um fóton for suficiente para ejetar um elétron, a colisão produz o efeito fotoelétrico. Assim, Einstein explicou teoricamente o efeito fotoelétrico, mostrando que ele independe da intensidade da luz. Apesar de Einstein ter fornecido uma explicação plausível do efeito fotoelétrico, ela foi rejeitada pela comunidade científica por quase 20 anos. No entanto, foi com esse estudo - e não com a teoria da relatividade (como muitos pensam) - que Einstein ganhou o Prêmio Nobel de Física em 1921.
A descoberta e a compreensão do efeito fotoelétrico envolveu experimentos, raciocínios e insights de vários cientistas. Graças a tudo isso, hoje é possível transformarmos eficientemente a energia solar em energia elétrica. É o momento de colocarmos em prática essa e outras descobertas para obtermos a energia necessária à nossa sobrevivência. Energia renovável, sustentável e limpa, necessária também para a sobrevivência de nosso planeta!

BIBLIOGRAFIA
Niaz, M., Klassen, S., McMillan, B., & Metz, D. (2010). Reconstruction of the history of the photoelectric effect and its implications for general physics textbooks.

quarta-feira, 15 de junho de 2022

Neurociência: entenda como funciona o cérebro do adolescente


 Andreia Fernandes

 

Vulnerabilidade, ajustes, emoções intensas, reatividade, hipersensibilidade emocional, busca incessante por novas emoções, comportamento impulsivo e procura contínua por uma identidade – essas são algumas experiências que compõem a vida de um adolescente. Mas afinal, o que gera toda essa sucessão de ondas emocionais?

Acreditava-se, até algumas décadas atrás, que o desenvolvimento do cérebro era concluído no fim da infância. No entanto, sabe-se hoje, que o processo de desenvolvimento do cérebro humano vai até os 25 anos aproximadamente.


Afinal, como funciona o cérebro do adolescente?

Desta forma, o período da adolescência é de extrema importância na reorganização neural e nas mudanças que afetam drasticamente a formação de nossa identidade. Mas que partes do cérebro estão envolvidas nas mudanças enfrentadas na adolescência? Duas áreas merecem um estudo mais detalhado: o sistema límbico e o córtex pré-frontal.

O sistema límbico é a estrutura mais importante para a memória (hipocampo) e está próximo à amígdala, uma estrutura que ajuda a produzir emoções. Essa relação anatômica garante que as experiências carregadas de emoção sejam mais facilmente lembradas que os eventos neutros.

Já o córtex pré-frontal, última camada do cérebro a amadurecer, é a área responsável pelo pensamento crítico, tomada de decisão, autocontrole, planejamento, atenção, organização, controle de emoção, de riscos e impulsos, automonitorização, empatia e resolução de problemas.

Na adolescência, como o córtex pré-frontal ainda está em desenvolvimento, os jovens fazem uso da amígdala para tomar decisões e resolver problemas. Vale lembrar que a amígdala está associada a emoções, impulsos, agressividade e comportamento instintivo.  

Para completar esse caleidoscópio de emoções, o cérebro adolescente contém níveis mais baixos de serotonina e dopamina, neurotransmissores que proporcionam a sensação de prazer e bem-estar. Isso pode gerar o aumento da agressão, juntamente com níveis mais altos de testosterona, contribuindo para explosões de raiva e comportamento impulsivo. Os lobos frontais do cérebro, por sua vez, não estão totalmente desenvolvidos nesses anos, o que limita a função cerebral na resolução de problemas, na regulação emocional e no foco.

Os estudos de neurociência nos ajudam a responder algumas perguntas que fazemos ao lidarmos com adolescentes. Listamos algumas dessas indagações:


Por que a organização não é uma prioridade para a maioria dos adolescentes?

O fato é que a organização exige um alto nível de controle cognitivo e a maneira como o cérebro adolescente está conectado, tendo pouco acesso aos lobos frontais, dificulta o processo de planejamento. Levado pelas emoções, via sistema límbico, o adolescente busca novas aventuras, não tendo foco na organização.


Por que os adolescentes não se desgrudam dos seus celulares, nem mesmo na hora das refeições ou durante as aulas?

cérebro adolescente está constantemente buscando estímulos e por ainda não terem pleno acesso ao córtex pré-frontal, não conseguem enviar para si mesmos as mensagens de “chega por hoje”, “preciso me concentrar”, “preciso prestar mais atenção à aula”. Sendo assim, ainda precisam da ajuda de pessoas mais experientes para lhes mostrar comportamentos que sejam mais produtivos.


Por que muitas vezes nos sentimos cada vez mais distantes dos adolescentes? Por que eles não falam conosco adequadamente?

adolescência é uma era de autodescoberta e busca por novidades, então, é natural que eles comecem a cortar laços. Como funciona o cérebro do adolescente? Você pode se perguntar. Bem, os adolescentes precisam se tornar independentes, mas vivemos em um mundo muito complexo, e nenhuma outra geração na história teve tanta exposição aos inputs que surgem quando estão online. Desta forma, nós, pais e professores precisamos estar vigilantes e permanecer conectados a eles.


Que problemas mentais são manifestados na adolescência?

Transtorno de ansiedade e depressão são comuns nessa fase. O transtorno bipolar e a esquizofrenia geralmente surgem no final da adolescência e início dos 20 anos, visto que precisamos dos lobos frontais para manifestar tais distúrbios.

Adolescentes que se isolam socialmente, ganham ou perdem muito peso e param de cuidar de si mesmos, precisam de uma atenção especial da família e da escola. Ironicamente, nesta idade, se eles têm uma doença mental emergente, nem todos os seus pares estão equipados para serem compreensivos como os adultos, já que muitos não têm empatia, sintoma mais associado ao córtex pré-frontal.

Muitas pessoas pensam que a capacidade para o desempenho acadêmico é definida desde muito cedo, porém isso pode mudar de forma dramática durante a adolescência. Sendo assim, a forma como se trabalha na escola, colocando os estudantes no centro do processo da aprendizagem, e o quanto de atenção se recebe nesse período fazem uma grande diferença na resposta do adolescente frente ao desempenho acadêmico.

A maneira como o adolescente vê o mundo é consequência de um cérebro que está em plena transformação, que segue um cronograma. Tais mudanças os levam a ter mais autoconsciência, a estarem dispostos a correr mais riscos e assumir comportamentos motivados pelos colegas.

Um ponto importante que pais e professores precisam considerar é que o comportamento do adolescente não é simplesmente o resultado de decisões ou atitudes, é o produto de uma fase de mudanças neurais intensas e inevitáveis. Justamente isso justifica um pouco como funciona o cérebro do adolescente, cabendo, portanto, estarmos cientes desse processo e auxiliar os adolescentes a atravessar essa onda de emoções de forma saudável e construtiva.

terça-feira, 7 de junho de 2022

Pesquisa da NASA revela que perdemos a criatividade ao longo do tempo.


 Uma pesquisa foi realizada por George Land e Beth Jarman para mensurar o potencial criativo dos engenheiros e cientistas da NASA. A pesquisa mostra que a maioria dos humanos nascem gênios criativos e que a sociedade acaba destruindo essa capacidade ao longo do tempo.

Os cientistas aplicaram em um determinado grupo de pessoas um teste que descobriria a capacidade de ter novas ideias na resolução de problemas. O estudo foi feito com 1.600 crianças entre 4 e 5 anos de idade e 98% delas utilizaram plenamente sua criatividade. Para acompanhar o desenvolvimento da criatividade dessas crianças, o estudo foi replicado cinco anos depois, quando as crianças estavam com 10 anos de idade. O resultado foi que apenas 30% delas mostraram seu potencial criativo. Já quando o teste foi aplicado quando as crianças tinham 15 anos, o número diminuiu para 12%. Na vida adulta o resultado foi ainda mais alarmante: menos de 2% delas permaneciam no grupo.

O resultado é um pouco preocupante, George Land diz que o maior culpado pela diminuição da criatividade são as instituições de ensino. “Como estamos construindo muitas dessas fábricas, tivemos que construir fábricas também para seres humanos, chamadas escolas. Assim, poderíamos fabricar pessoas que poderiam funcionar bem nas fábricas”, explica o cientista.

Segundo George existem dois tipos de pensamentos que ocorrem no nosso cérebro, o divergente, que gera novas possibilidades através da imaginação e o convergente, que faz julgamento e ajuda você a tomar uma decisão. O pensamento divergente atua como um acelerador e o convergente como um freio e a medida que somos educados aprendemos a usar os dois pensamentos ao mesmo tempo, o que acaba fazendo os neurônios lutarem entre si e diminuindo o poder do cérebro.

 

O que fazer para manter a criatividade

Apesar do que muita gente pensa, a criatividade pode ser recuperada e ela depende de prática constante para ser desenvolvida. “Essa capacidade nunca vai embora. A parte do cérebro que produz essa imaginação maravilhosa é algo que você exercita todos os dias quando está sonhando”, explica George Land.

 A criatividade é adquirida ao longo da vida e ela não se manifesta apenas em trabalhos artísticos, mas em todas as áreas da vida, sendo um item essencial para a resolução de problemas. Qualquer atividade que faça você “desligar” seu pensamento convergente, como ler, ouvir música, desenhar, beber uma cerveja ou apenas caminhar pode ajudar a resgatar a criatividade que está escondida.

 

No livro Ponto de Ruptura e Transformação, escrito em 1990, o cientista George Land concluiu que nós aprendemos a ser "não criativos". O resultado dessa inibição afeta nossas vidas em diferentes aspectos, inclusive no âmbito profissional. x

 

quarta-feira, 1 de junho de 2022

Aprendizagem e Memória



O cérebro é um órgão extremamente adaptável. E a capacidade de se adaptar aos mais diversos estímulos é na verdade um espectro de algumas de suas habilidades mais importantes: aprender e memorizar.

Baseado na avaliação dos riscos e recompensas, o cérebro dirige sua atenção, toma decisões e gera seus arquivos mentais. Com isso, o comportamento vai ficando cada vez mais lapidado em um determinado meio.
Portanto, aprendizagem e memória estão ligadas ao futuro da nossa relação com o ambiente que nos cerca. Cuidar do cérebro e dessas habilidades cognitivas garante não só a sobrevivência, mas o futuro que tanto desejamos.

Referência: Arias-Carrión, O., Stamelou, M., Murillo-Rodríguez, E., Menéndez-González, M., & Pöppel, E. (2010). Dopaminergic reward system: a short integrative review. International Archives of Medicine, 3(1), 24.

Memórias episódicas



O contexto desempenha um papel inegavelmente importante na memória. A informação aprendida está ligada ao contexto de aprendizagem, e o contexto pode ser uma pista de recuperação notavelmente potente.

Qualquer um que tenha retornado ao seu bairro de infância depois de décadas pode atestar a experiência marcante de memórias perdidas há muito tempo que voltam à tona em detalhes vívidos.
Os fatos aprendidos em um contexto são melhor lembrados quando esses fatos voltam a ocorrer no mesmo contexto. De fato, a associação entre contexto e memória é tão forte que simplesmente pedir aos sujeitos que pensem sobre o ambiente de aprendizagem é suficiente para melhorar a recordação.
Nesse sentido, o hipocampo é reconhecido por estar envolvido no processamento de informações contextuais há mais de 50 anos. Alguns autores sugerem que as representações de contexto são uma consequência natural das funções de codificação da memória relacional do hipocampo.
Artigos mais recentes atribuem à acetilcolina um papel especial no peso que se dá às memórias em formação no hipocampo.
Em resumo, quando os sujeitos revisitam um contexto familiar, o código de contexto hipocampal é automaticamente reexpresso, preparando assim as memórias relevantes para serem evocadas e reduzindo a interferência de memórias associadas a outros contextos.

Referências: [1] Palacios-Filardo, J., Udakis, M., Brown, G. A., Tehan, B. G., Congreve, M. S., Nathan, P. J., ... & Mellor, J. R. (2021). Acetylcholine prioritises direct synaptic inputs from entorhinal cortex to CA1 by differential modulation of feedforward inhibitory circuits. Nature communications, 12(1), 1-16 e [2] Smith, D. M., & Bulkin, D. A. (2014). The form and function of hippocampal context representations. Neuroscience & Biobehavioral Reviews, 40, 52-61

Melhora na memória verbal


A restrição calórica consiste em reduzir a ingestão diária de calorias, mantendo os nutrientes essenciais para a saúde, sem desnutrição.

Pode ser considerada moderada quando há uma redução na ingestão calórica diária entre 20-40% comparada a quando se recebe alimento ad libitum, isto é, de acordo com a vontade.
A primeira investigação científica sobre a restrição calórica data de 1935, quando McCay et al. relataram que ela retardou o crescimento, mas aumentou o tempo de vida de ratos.
Desde então, muitas hipóteses foram exploradas. Recentemente, foi relatado que a restrição de calorias reduz os níveis de biomarcadores envolvidos com o processo de envelhecimento.
Outra pesquisa sugeriu que uma restrição calórica moderada (30%), por 3 meses, em idosos saudáveis, poderia trazer benefícios para a memória verbal.
O artigo de revisão citado na referência concluiu que, dependendo da intensidade, duração e período da vida em que se inicia, a restrição calórica pode interferir positivamente ou negativamente na aprendizagem e memória.
Especulou-se, com um razoável grau de evidência científica, que uma restrição de calorias leve a moderada (≤40%), quando iniciada nas fases iniciais da vida, esteja associada a efeitos benéficos para a aprendizagem e memória.
A restrição calórica mais acentuada, ou de início tardio, tende a ser menos eficaz na prevenção de déficits cognitivos relacionados ao envelhecimento.

Referências: [1] Witte, A. V., Fobker, M., Gellner, R., Knecht, S., & Flöel, A. (2009). Caloric restriction improves memory in elderly humans. Proceedings of the National Academy of Sciences, 106(4), 1255-1260 e [2] Dias, I. R., de Sousa Santos, C., e Magalhães, C. O. D., de Oliveira, L. R. S., Peixoto, M. F. D., De Sousa, R. A. L., & Cassilhas, R. C. (2020). Does calorie restriction improve cognition?.

Pequena molécula que ajuda na regulação do sono



Pesquisadores das Universidades de Copenhague e Aalborg conduziram um novo estudo demonstrando que uma pequena molécula presente nas células cerebrais afeta o nível de hipocretina, responsável por nos fazer sentir acordados durante o dia e cansados ​​à noite.

Eles se concentraram na pequena molécula chamada microRNA-137 (miR-137). Especificamente, o miR-137 ajuda a regular a hipocretina. O sono normal requer uma quantidade certa de hipocretina no cérebro na hora certa, e o miR-137 ajuda nisso.
Embora também seja encontrado em outros partes do corpo, o microRNA-137 é especialmente pronunciado no cérebro.

Referência: Holm, A., Possovre, M. L., Bandarabadi, M., Moseholm, K. F., Justinussen, J. L., Bozic, I., ... & Kornum, B. R. (2022). The evolutionarily conserved miRNA-137 targets the neuropeptide hypocretin/orexin and modulates the wake to sleep ratio. Proceedings of the National Academy of Sciences, 119(17).

A importância do monitoramento da carga de uma sessão de treino

 


Uma pesquisa recente lançou luz sobre a importância de monitorarmos a carga de uma sessão de treino.

A pesquisa, publicada na revista PeerJ, foi conduzida por meio de uma análise de 6 semanas das respostas que ciclistas amadores deram em função do estresse físico que sofreram durante o treino.
Os ciclistas responderam a questionários sobre como haviam percebido o esforço físico de seu treinamento. Também mediram a variabilidade da frequência cardíaca e registraram seu estado de humor.
Os resultados apontaram que quanto mais intenso o treino, mais negativo o humor no dia seguinte, e também menor a variabilidade da frequência cardíaca.
O principal objetivo dos pesquisadores foi entender melhor quando um atleta deve descansar, porque seu sistema está saturado, e quando um atleta pode treinar, com mais ou menos intensidade, porque seu corpo está pronto para assimilar a carga de treinamento.

Referência: Alfonso, C., & Capdevila, L. (2022). Heart rate variability, mood and performance: a pilot study on the interrelation of these variables in amateur road cyclists. PeerJ, 10, e13094

Processar informações é fundamental para a sobrevivência.

Processar emoções, particularmente distinguir entre o perigo e a segurança, é fundamental para a sobrevivência.

Em uma pesquisa recente publicada na revista Science, neurocientistas identificaram como o cérebro faz a triagem das emoções durante o sono para consolidar o armazenamento de emoções positivas enquanto amortece a consolidação de emoções negativas.
Em humanos, emoções excessivamente negativas, como reações de medo e estados de ansiedade, podem levar a condições patológicas como o Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT).
O estudo é bastante útil ao apontar novos caminhos para que possamos lidar com esses processos neurofisiológicos alterados.

Referência: Mattia Aime, Niccolò Calcini, Micaela Borsa, Tiago Campelo, Thomas Rusterholz, Andrea Sattin, Tommaso Fellin, Antoine Adamantidis. Paradoxical somatodendritic decoupling supports cortical plasticity during REM sleep. Science, 2022; 376 (6594): 724

Combustível do futuro: Hélio - 3


 

O hélio-3 pode servir como base de energia limpa para nossa civilização, mas, atualmente, ele só é encontrado em abundância na Lua, afirma o professor Ricardo Galvão, do Instituto de Física da USP.

Em um estudo publicado na revista Nature Geoscience, cientistas da Universidade da Califórnia, em San Diego, nos Estados Unidos, descobriram evidências de que um recurso raro chamado hélio-3 é potencialmente dez vezes mais comum na Terra do que se imaginava.

Conforme explica Ricardo Galvão, especialista em Física de Plasmas e Fusão Nuclear Controlada e professor do Instituto de Física (IF) da USP, o hélio-3 é um isótopo do hélio, o que significa que ele contém o mesmo número de prótons que esse elemento comum, mas um número diferente de nêutrons.

Na pesquisa, os cientistas americanos usaram uma nova técnica para detectar de que maneira os níveis de hélio estão subindo no nosso planeta. O isótopo, de acordo com Galvão, foi surpreendentemente encontrado na Terra durante um estudo que pretendia mensurar a presença de outra “versão” do hélio, o hélio-4. “Eles começaram com hélio-4, fazendo uma comparação da concentração relativa dele com o nitrogênio. O nitrogênio é muito abundante na atmosfera. A partir de uma análise, eles notaram que existia mais hélio-4 na atmosfera do que estimativas anteriores”, afirma.

Com isso, os pesquisadores confirmaram que a concentração desse isótopo tem aumentado, já que a substância é liberada principalmente durante a queima e extração de combustíveis fósseis. O isótopo de hélio-4 é produzido pelo decaimento radioativo na crosta terrestre e se acumula nos mesmos reservatórios que os combustíveis fósseis, em especial os de gás natural.

No decorrer do estudo, contudo, os geocientistas notaram a presença do valioso hélio-3 que, de acordo com o trabalho, está também aumentando junto com o hélio-4 em nossa atmosfera, ainda que em níveis muito menores do que fora dela.

Mas como, ainda que hipoteticamente, poderíamos utilizar o hélio-3 como combustível nuclear aqui na Terra? O professor Galvão explica que, primeiro, precisamos diferenciar como obtemos energia de reações nucleares. Uma delas é a fusão nuclear, “que é a forma pela qual as estrelas obtêm energia”, esclarece ele.

Entretanto, o que fazemos na Terra, principalmente, é a fissão nuclear, ou seja, bombardeamos átomos com nêutrons para quebrar o seu núcleo e gerar energia. Para isso, utilizamos dois isótopos de hidrogênio, o deutério e o trítio. A reação entre eles gera os resíduos que chamamos de lixo nuclear. O hélio-3, se descoberto em abundância, tomaria o lugar do trítio e a reação, teoricamente, seria bem menos perigosa para o planeta.

“Tanto nos reatores a fissão quanto nos reatores a fusão atualmente utilizamos deutério e trítio. Um dos problemas é que a energia que sai gera nêutrons de alta energia; os nêutrons são partículas que, quando bombardeiam parte do reator, fazem com que esses elementos se tornem radioativos; elementos radioativos que precisam ser armazenados por muito tempo, centenas de anos”, elabora Galvão. “Já o hélio-3, quando reage com deutério, não produz nêutrons energéticos, a energia sai imediatamente em partículas carregadas, então, não haveria radiação dos elementos dos reatores”, finaliza.

Por isso, a descoberta recente é importante porque o hélio-3 pode servir como base de energia limpa para nossa civilização, ainda que detectado na Terra em quantidades pequenas. Atualmente, cientistas sabem que o hélio-3 é amplamente encontrado no espaço sideral, especialmente na Lua.

“O hélio-3 só é produzido através de colisões com partículas muito energéticas que vêm do espaço, depois de um tempo ele vai decaindo na Terra e é absorvido pelas camadas superiores. Mas ele existe abundantemente na Lua”, conclui o professor, confirmando que existem projetos futuros que consideram enviar foguetes ao satélite para trazer o elemento para o nosso planeta.

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