segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Employer Branding: o que é e como fazer?


Novas estratégias de gestão focam no Marketing para os colaboradores. Empresas investem na retenção de talentos e em formatos mais colaborativos de desenvolver tarefas


          Um dos maiores desafios para as empresas, atualmente, é a retenção de talentos. A chamada Geração Y representa um desafio ainda maior para os gestores, já que não costuma se manter em uma mesma companhia por muito tempo, é atraída por novos desafios e almeja ascensão rápida na carreira. Esse grupo não leva em conta apenas a remuneração oferecida, mas outros atributos do ambiente de trabalho. Para atender às demandas intangíveis desse perfil e reduzir a rotatividade de profissionais, os gestores estão apostando em estratégias de Marketing aplicadas aos seus próprios times.
          As empresas de tecnologia são bons exemplos da estratégia conhecida como Employer Branding, que consiste basicamente em inovar no relacionamento com o público interno. O Google inclui em seus escritórios mesas de sinuca e videogames, que podem ser utilizados em pausas durante o expediente. No Brasil, algumas companhias já apostam na adoção de roupas casuais durante o expediente e em configurações de salas de reunião menos formais.  
         No grupo de educação Marista, as práticas passam pela adoção de gestão colaborativa, jornadas com horários flexíveis e momentos de descontração e lazer em conjunto. Estas acabam sendo ferramentas de escape em departamentos em que se trabalha com prazos curtos, verbas apertadas, cobrança por resultados e multitarefas. Partindo do entendimento de que a equipe é um dos principais ativos da empresa, a inovação no Marketing precisa começar dentro da sua própria área.
          As ações criativas e posturas diferenciadas que partem da diretoria para o time trazem bons reflexos na satisfação pessoal da equipe, que se refletem em resultados dos trabalhos. “A construção de uma marca aspiracional para o cliente deve ser um processo que vem de dentro da equipe para fora. Queremos ser um dos melhores lugares para trabalhar. Os colaboradores precisam ter brilho no olho, porque é isso que faz as coisas acontecerem”, conta Stephan Younes, Diretor de Marketing do Grupo Marista.
Seleção de talentos
       Tudo começa no processo seletivo, encarados não apenas como um caminho para preencher uma vaga, mas principalmente como oportunidades de descobrir talentos que realmente tenham a ver com o ambiente empresarial que se deseja construir. Pensando nisso, o grupo educacional Marista personalizou a convocação de candidatos para uma de suas vagas no Marketing. Em vez dos sites de empregos e agências, a instituição convidou os seus colaboradores para divulgar a oportunidade para seus amigos por meio das redes sociais.
        A equipe ainda produziu um vídeo para a internet, contando um pouco da rotina de trabalho e dos atributos esperados do novo profissional. O filme convidava quem se interessasse a enviar uma resposta também em vídeo, mostrando um pouco da sua personalidade e das suas paixões. “Neste primeiro momento, mais do que o currículo, interessava-nos conhecer as pessoas, o que as motivava e o que já tinham feito de bom. A segunda fase era técnica. Os resultados surpreenderam, contratamos duas pessoas”, pontua o Diretor de Marketing do Grupo Marista. 
Valorização da equipe
         Após a efetivação, as expectativas precisam se manter vivas na mente do colaborador, mesmo diante da rotina. É mais produtivo para a companhia manter um funcionário satisfeito do que ter que reiniciar processos de treinamento frequentes para a mesma vaga. Um caminho que as empresas encontraram foi aproximar a vida pessoal do ambiente corporativo. “Acreditamos que a separação entre pessoa física e pessoa jurídica é uma falácia. Adotamos processos hierárquicos nos quais não é preciso bater cartão. Liberamos as pessoas quando elas precisam, damos liberdade para que façam as coisas na hora em que têm que fazer, desde que entreguem bons resultados, como tem acontecido”, comenta Stephan Younes.
         O Grupo Marista preparou uma surpresa para a equipe de Marketing durante um treinamento que aconteceu em uma manhã de domingo. Previamente, o diretor ligou para familiares de cada um dos membros do setor perguntando qual era a comida preferida do funcionário. Enquanto a palestra acontecia, os chefes do departamento foram para a cozinha preparar os pratos indicados. Na hora do almoço, foram servidos 40 pratos diferentes, todos preparados em duas horas pela equipe da diretoria. “Quando ligamos para as famílias, a primeira reação geral foi de espanto, perguntando se tinha acontecido algo. As empresas só costumam fazer contato quando alguém passa mal. Este contato precisa mudar”, diz Estephan Younes.
         A relação de proximidade com o ambiente de trabalho é uma aliada para superar momentos difíceis. “Quando a pessoa gosta muito do que faz, podem vir os períodos de pico de trabalho, que vão passar, que ela considera valer a pena ficar pelo conjunto. São os resultados, as ajudas dos colegas e os instrumentos institucionais que brotam desse ambiente inovador e colaborativo que fazem com que permaneça.

Gestão colaborativa para suavizar os problemas
         A adoção de estratégias criativas para a solução de problemas rotineiros relacionados ao trabalho também ajuda a minimizar as dificuldades que surgem. O grupo Marista conta com dois programas que visam à solução de dificuldades em conjunto. O primeiro deles, nomeado “Chorando o leite derramado”, reúne os núcleos de Marketing e comunicação periodicamente, para que reflitam sobre os erros cometidos recentemente, a fim de compreender as causas e evitar que se repitam. “Preferimos pessoas que errem por fazer, do que aqueles que se limitam por qualquer dificuldade”, diz Stephan Younes.
         O apoio interpessoal é uma das armas adotadas pela instituição. Toda vez que surge alguma crise na operação, os integrantes da equipe têm liberdade para convocar uma “reunião S.O.S”. Neste modelo, os colaboradores de diversos setores da companhia podem se disponibilizar para ajudar a encontrar uma solução. “Somos organizados por verticais de negócios, mas isso é só operacional e não impede que, na hora de resolver um problema, todos se juntem. Esse sentimento de dar as mãos ajuda a encontrar boas respostas”, diz o Diretor de Marketing do Grupo Marista.
         A interação entre as áreas relacionadas à diretoria de Marketing não aparece apenas nos momentos de dificuldades, já começa pela configuração do ambiente. “Não queremos parecer um setor de contabilidade ou jurídico. Derrubamos todas as paredes, colorimos o ambiente e reformamos uma varanda com restos de obras para reuniões informais. Isso promove um convívio natural”, conta Stephan Younes.

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