segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Resenha do livro: A Cauda Longa


Resumindo em um parágrafo a sacada que teve o autor Chris Anderson ao criar o conceito/artigo/livro: A Cauda Longa (The Long Tail), Editora Campus (240 páginas): com a popularização das ferramentas de produção e consumo advindas do avanço tecnológico, o mercado de nichos (ou seja, a soma da venda de todos os produtos que não são os mais procurados) tornou-se maior do que o mercado de massa (os produtos que frequentemente ocupam as listas dos 10 mais e preenchem os espaços nas prateleiras dos varejistas).
Sabe aquele livro obscuro, ausente de todas as bibliotecas, que você finalmente encontrou em livrarias virtuais? E aquela música de um disco em vinil que nunca foi lançado no formato de CD, que você achou em sites de download? O filme raro que você não viu em nenhum festival, que nunca caberia na prateleira da sua locadora, mas que um fã da Suécia colocou na rede?
Bem-vindo à Economia da Cauda Longa!
Como é editor da revista Wired, Chris Anderson foca muito no mercado de cultura para dar seus exemplos. Ele repete ad infinitum como lojas virtuais conseguem manter um estoque imenso de músicas enquanto um supermercado possui um espaço limitado e tem que disponibilizar somente os CDs que possuem alta vendagem.
De fato, o insight da criação do conceito da Cauda Longa veio quando o autor descobriu que, em determinada loja virtual de música, com um estoque de milhares de arquivos, o índice de vendas de pelo menos uma delas a cada trimestre era de impressionantes 98%. Ou seja, 98% das músicas foram vendidas ao menos uma vez em cada três meses.

As três forças da Cauda Longa:
1ª Democratização das ferramentas de produção
“O poder do PC significa que as fileiras de produtores – indivíduos que hoje são capazes de fazer o que poucos anos atrás era feito apenas por profissionais – aumentaram em milhares de vezes”. Os amadores e profissionais estão competindo de igual para igual. Maior oferta de bens, o que alonga a cauda.
2ª Redução dos custos de consumo pela democratização da distribuição.
A Internet torna mais barato alcançar mais pessoas, aumentando efetivamente a liquidez do mercado na cauda, o que, por sua vez, se traduz em mais consumo, elevando efetivamente o nível da linha de vendas e ampliando a área sobre a curva. Maior acesso aos nichos, o que torna a cauda cada vez mais horizontal.
3ª Ligação entre a oferta e demanda (filtros).
Ela apresenta os consumidores a estes novos bens. Entre as principais recomendações podemos citar o Google, os blogs e a Rhapsody. O resultado de tudo isso para os clientes é reduzir os “custos de busca” para encontrar o conteúdo dos nichos. Deslocamento dos negócios dos hits para os nichos.

A Cauda Longa do E-Commerce
A Amazon.com começou através de uma simples livraria e na última década ampliou para outras áreas e para as vendas de terceiros (alguns estimam que aproximadamente 25% da receita provenham de terceiros). Tanto os varejistas quanto os vendedores individuais utilizam a Amazon.com para vender seus produtos (grandes varejistas como Nordstrom, Land's End e Target usam a Amazon.com para vender seus produtos além de vendê-los em seus próprios sites). A Amazon basicamente aluga o espaço para estes varejistas, que usam a Amazon.com como um ponto de venda adicional na Internet. Faturamento: US$ 10.7 bilhões (2006) • Lucro: US$ 190 milhões (2006) • Valor de mercado: US$ 16.1 bilhões (2007) • Valor da marca: US$ 5.41 bilhões (2007) • Presença global: + 160 países • Sites internacionais: 7 • Funcionários: 13.900 • Clientes: 50 milhões • Acessos: 32º site mais visitado da Internet.

A Cauda Longa da Indústria de Notícias
Atualmente, a circulação dos jornais e a audiência de rádio e TV vêm caindo. E o crescimento e popularidade dos Blogs vêm aumentando em proporção ainda mais alta.
No ranking dos 90 sites de notícias mais acessados da Internet americana, os Blogs já contam com 11 representantes.
O blog Engadget tem mais audiência na Internet que a CBS News. Isto reflete a imensa força deste novo veículo de comunicação de nicho.

Os dez maiores Blogs do Brasil
1. Interney 2. Blog do Noblat 3. Br-Linux 4. BlueBus 5. Kibe Loco 6. Jacaré Banguela 7. Josias de Sousa 8. Sedentário & Hiperativo 9. Contraditorium 10.Cocadaboa.
“Os Blogs são consequência da democratização das ferramentas: o advento de softwares e de serviços simples e baratos que facilitam a tal ponto a editoração online que ela se torna acessível para todos”.

A Cauda Longa da Informação
A Wikipédia é uma enciclopédia multilíngue online livre, colaborativa, ou seja, escrita internacionalmente por várias pessoas comuns de diversas regiões do mundo, todas elas voluntárias. A Wikipedia oferece mais 860 mil artigos em inglês em comparação com 80 mil da Britannica e com os 4.500 da Encarta, elaborados por mais de 16 mil colaboradores. Total de artigos da Wikipedia: mais de 3,5 milhões.

A Cauda Longa da Publicidade
O maior representante da Cauda Longa da publicidade. Passou a atender uma grande quantidade de nichos que não eram atendidos pelas formas tradicionais de venda de propaganda, baseadas em grandes anunciantes, grandes veículos e grandes agências. Pequenas e até micro-empresas sem verba alguma para a mídia, podem comprar palavras por meio de leilão no Google e atingir milhões de pessoas que nunca os encontraria de outra maneira. As receitas do Google já ultrapassaram US$ 5 bi/ano.

Regras para o sucesso no mundo da Cauda Longa
Pontos importantes: Disponibilizar tudo! Ajudar-me a encontrá-lo!
Regra 1. Movimente os estoques para dentro...ou para fora.
Regra 2. Deixe os clientes fazerem o seu trabalho.
Regra 3. Um método de distribuição não é adequado a todas as situações.
Regra 4. Um produto não atende a todas as necessidades.
Regra 5. Um preço não serve para todos.
Regra 6. Compartilhe informações – Transparência.
Regra 7. Pense “e”, não “ou”.
Regra 8. Ao fazer o seu trabalho, confie no mercado.
Regra 9. Compreenda o poder da gratuidade.

Origem do nome
Para quem ficou curioso, o nome do livro não foi de modo algum, inspirado nos dotes da atriz Juliana Paes.
Cauda longa é um termo usado em estatística para identificar distribuições de dados onde o volume de dados decresce ao longo do tempo, durante um período longo. É desse gráfico que surgiu o nome.
Maiores explicações podem ser encontradas no artigo que originou o livro, na revista Wired. O artigo é bem completo e o livro serve como complemento a ele, esmiuçando melhor e mostrando a grande oportunidade de negócios que a Internet proporciona a todos nós.

Saiba mais
http://www.wired.com/ • http://thelongtail.com/
http://www.wired.com/wired/archive/12.10/tail.html
http://www.youtube.com/watch?v=JMRF_ZXms9E

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