Por outro lado, há evidências de que os distúrbios do sono também representam fatores de risco para as demências. Todo esse cenário implica a existência de uma associação bidirecional entre sono insatisfatório e doença de Alzheimer.
Apesar de inespecífico, o sono ruim é uma das características mais prevalentes no Alzheimer. A insônia, por exemplo, pode ser um dos sintomas mais precoces. Pessoas com a doença tendem a acordar cansadas e suas noites tornam-se menos tranquilas à medida que a perda de memória e o déficit cognitivo avançam.
Duas proteínas principais se acumulam no cérebro e foram associadas aos danos neuronais no Alzheimer: β-amiloide (Aβ) e tau. A privação de sono sabidamente aumenta os níveis de ambas as proteínas no cérebro, levando à "disseminação" da doença.
Em uma das pesquisas, os pesquisadores concluíram que idosos com menos sono de ondas lentas (sono profundo), necessário para consolidar memórias e descansar o sistema nervoso central, têm níveis mais altos de proteína tau no cérebro.
A lição que fica: o sono regular exerce um efeito protetor direto sobre os nossos neurônios.
Referências:
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[2] Borges, C. R., Poyares, D., Piovezan, R., Nitrini, R., & Brucki, S. (2019). Alzheimer's disease and sleep disturbances: a review. Arquivos de neuro-psiquiatria, 77(11), 815-824 e
[3] Holth, J. K., Fritschi, S. K., Wang, C., Pedersen, N. P., Cirrito, J. R., Mahan, T. E., ... & Holtzman, D. M. (2019). The sleep-wake cycle regulates brain interstitial fluid tau in mice and CSF tau in humans. Science, 363(6429), 880-884.
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