sexta-feira, 11 de outubro de 2013

O monge e o executivo - Entrevista com James C. Hunter


James C. Hunter - 26/junho/1955

Sucesso e vendas e público, O monge e o executivo, de James C. Hunter lançado pela Editora Sextante, em abril de 2004, o livro é considerado um dos melhores fenômenos da literatura de negócios dos últimos anos. Com mais de 420 mil exemplares comercializados no Brasil, é o livro mais vendido no país atualmente.

O autor, James C. Hunter, é consultor da J.D. Associados, uma empresa de consultoria de relações de trabalho e treinamento, em Michigan nos EUA, onde mora com a esposa e a filha. Com mais de 20 anos de experiência na área é bastante solicitado como instrutor e palestrante, principalmente nas áreas de liderança funcional e organização de grupos comunitários.

Abaixo, segue entrevista com James Hunter.

O que o motivou a escrever o livro “O Monge e o Executivo”?
Inicialmente, escrevi um manuscrito para deixar uma mensagem para minha filha. Queria que ela tivesse acesso aos meus conhecimentos. Depois, algumas pessoas que leram esse manuscrito, sugeriram que eu o transformasse em um livro.

Em quantas línguas ele foi traduzido?
Em 10 línguas.

Fale um pouco sobre a temática do livro.
O livro é uma história que conta como influenciar equipes O personagem central é John, o gerente-geral de uma grande indústria com mais de 500 funcionários e 100 milhões de dólares em vendas anuais. Ele tem uma vida boa e confortável com sua mulher e seus filhos. No entanto, de repente, percebe que sua vida se desestruturou. Sua esposa, Rachel, está infeliz no casamento. O filho, cada vez mais agressivo com a mãe. Já a menina, com quem sempre teve uma relação próxima, está se distanciando dele. Apesar do status e de todo o bem-estar, John se sente melancólico e retraído.
Ele deixa a fábrica para passar uma semana em um mosteiro localizado perto do lago Michigan, nos Estados Unidos. O lugar abriga de trinta a quarenta frades da Ordem de São Bento. Ainda hoje, como nos catorze séculos anteriores, os frades vivem centrados em três premissas – oração, trabalho e silêncio.

Uma das razões que estimula John a fazer o retiro é saber que Leonard Hoffman está vivendo ali. Hoffman é um ex-executivo de uma das maiores empresas dos Estados Unidos que largou tudo e se tornou frade. Leo, como Leonard era chamado, tornou-se lendário nos círculos empresariais por sua habilidade para liderar e motivar pessoas. E também por ser capaz de transformar várias companhias à beira do colapso em negócios de sucesso.
No mosteiro, o frade dá aulas de liderança para John e outras cinco pessoas. O pregador Lee, o sargento do Exército Greg e três mulheres: Teresa, diretora de uma escola pública; Chris, treinadora do time de basquete da Universidade Estadual do Michigan, e Kim, enfermeira-chefe do Centro Neonatal de um hospital da região. Cada um deles vem de um setor diferente, tendo como denominador comum o cargo de liderança em suas respectivas organizações.

Qual a principal mensagem que você quis transmitir com sua obra?
Ensinar de forma clara e agradável os princípios fundamentais dos verdadeiros líderes. Mais do que isso, disseminar os princípios da liderança servidora. Um dos principais objetivos do livro era comunicar a ideia de que liderança pode ser aprendida e desenvolvida, se tivermos a vontade de amar, crescer e expandir.

Porque as pessoas se identificam com os personagens de seu livro?
A maioria das pessoas se identifica com histórias e parábolas. Por isso, escolhi escrever o livro neste formato. Jesus de Nazareth nos mostrou que contar histórias é uma ótima forma de ensinar profundas verdades. Acredito que há uma parte de nós em cada personagem.

Você tem ideia de seu livro é um best-seller no Brasil? A que você atribui esse sucesso?
O mundo está mudando. Pessoas estão mudando. Elas querem mais de seus líderes. Para isso, os líderes precisam crescer e desenvolver suas habilidades.

Você conhece o trabalho de algum consultor no Brasil?
Na primeira vez que vim ao Brasil, tive a oportunidade de conhecer dois consultores que passei a admirar: Marco Aurélio Vianna e Wilson Mileris. Inclusive o Wilson está escrevendo seu primeiro livro agora, e espero que seja bem sucedido.


Qual o argumento do seu próximo livro? Fale um pouco sobre ele.
Meu próximo livro, "The World‘s Most Powerful Leadership Principal - How to be a servant leader, como o próprio nome já diz, fala novamente sobre liderança servidora, porém indicando as etapas que devem ser seguidas para se implantar um processo de liderança servidora em uma empresa. A primeira seria a educação, na qual se aprende os principais conceitos, e que foi iniciada no meu primeiro livro. A segunda é a identificação de deficiências, onde os membros da equipe apontam, de maneira anônima, os pontos que eles acreditam que seu líder precisa aprimorar. E a terceira, a principal, é o exercício da liderança servidora, efetivamente.

Qual obra relacionada à liderança você indicaria para os executivos brasileiros?
“Good to Great: why some companies make the leap… and others don’t” – Jim Collins

É necessário mudar seus conceitos e condutas para ser um bom chefe?
Sim. É necessário praticar as habilidades de líderes para que elas se tornem um hábito.

Como as empresas identificam um bom líder?
Existem algumas ferramentas que ajudam as empresas. Meu segundo livro dá algumas dicas. Em primeiro lugar, é possível medir o desempenho pelos resultados e, em segundo lugar, existem alguns testes para avaliar o chefe.

O ambiente influencia no desenvolvimento de líderes?
É muito útil quando o topo suporta as ideias, mas não é necessário. Conheço muitos grandes líderes que não trabalham em um ambiente favorável.


O que significa ser um líder?
Liderança é influenciar e inspirar pessoas para agirem. Liderança não é apenas gerenciamento. Gerenciar é planejar, resolver problemas, organizar. Essas coisas são importantes, mas não fazem da pessoa um líder.

Como você administra o sucesso profissional, com o lado pessoal?
O equilíbrio entre pessoal e profissional não é minha especialidade. Porém, eu sei que grandes líderes trabalham com a necessidade das pessoas no trabalho e em casa. Eles também precisam trabalhar suas próprias necessidades pessoais para crescer emocionalmente e espiritualmente. Portanto, equilíbrio é crucial e líderes efetivos precisam encontrar esse equilíbrio em suas vidas.

Qual a mensagem que você gostaria de deixar para os executivos brasileiros?
Deixo algumas lições do protagonista do meu livro Leo Hoffman que todos nós podemos usar em nossas vidas:
Saber ouvir é uma das habilidades mais importantes que um líder pode desenvolver.
• Sempre que duas ou mais pessoas se reúnem com um propósito, há uma oportunidade de exercer a liderança.
• Exercer influência sobre os outros, que é a verdadeira liderança, está disponível para todos, mas requer uma enorme doação pessoal.
• Gerência não é algo que se faça para os outros. Pode-se gerenciar inventário, talão de cheques, recursos ou até a si mesmo. Mas não se gerencia seres humanos. Pessoas não são gerenciadas e sim lideradas.
• Poder é diferente de autoridade. Sob poder, as pessoas são obrigadas a agir como alguém manda. Já a autoridade leva as pessoas a fazer as coisas de boa vontade.
• A chave para a liderança é executar as tarefas enquanto se constroem os relacionamentos. O líder que não estiver cumprindo as tarefas e só se preocupar com o relacionamento não terá sua liderança assegurada.
• Os maiores prazeres da vida são totalmente grátis, como casamento, família, amigos, filhos, netos, nascer e pôr-do-sol, noites de lua, estrelas, sexo, boa saúde, flores e lagos.
• Desafiar os velhos caminhos requer muito esforço, mas acomodar-se nos paradigmas ultrapassados, também. O mundo está mudando tão rapidamente que podemos ficar paralisados se não desafiarmos nossas crenças e paradigmas.
• Um líder é alguém que identifica e satisfaz as necessidades legítimas de seus liderados e remove todas as barreiras para que possam servir ao cliente. Para liderar você deve servir.
• Autorrealização é tornar-se o melhor que você pode ser ou é capaz de ser.
• De acordo com a definição de liderança criada pela turma de Hoffman – a habilidade de influenciar pessoas para trabalharem entusiasticamente visando atingir aos objetivos identificados como sendo para o bem comum –, Jesus Cristo seria o melhor exemplo de líder da história da humanidade.

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