James C. Hunter - 26/junho/1955 |
Sucesso e vendas e público, O monge e
o executivo, de James C. Hunter lançado pela Editora Sextante, em
abril de 2004, o livro é considerado um dos melhores fenômenos da literatura de
negócios dos últimos anos. Com mais de 420 mil exemplares comercializados no
Brasil, é o livro mais vendido no país atualmente.
O autor, James C. Hunter, é consultor da
J.D. Associados, uma empresa de consultoria de relações de trabalho e
treinamento, em Michigan nos EUA, onde mora com a esposa e a filha. Com mais de
20 anos de experiência na área é bastante solicitado como instrutor e
palestrante, principalmente nas áreas de liderança funcional e organização de
grupos comunitários.
Abaixo, segue entrevista com James
Hunter.
O que o motivou a escrever o livro
“O Monge e o Executivo”?
Inicialmente, escrevi um
manuscrito para deixar uma mensagem para minha filha. Queria que ela tivesse
acesso aos meus conhecimentos. Depois, algumas pessoas que leram esse
manuscrito, sugeriram que eu o transformasse em um livro.
Em quantas línguas ele foi
traduzido?
Em 10 línguas.
Fale um pouco sobre a temática do
livro.
O livro é uma história que conta
como influenciar equipes O personagem central é John, o gerente-geral de uma
grande indústria com mais de 500 funcionários e 100 milhões de dólares em
vendas anuais. Ele tem uma vida boa e confortável com sua mulher e seus filhos.
No entanto, de repente, percebe que sua vida se desestruturou. Sua esposa,
Rachel, está infeliz no casamento. O filho, cada vez mais agressivo com a mãe.
Já a menina, com quem sempre teve uma relação próxima, está se distanciando
dele. Apesar do status e de todo o bem-estar, John se sente melancólico e
retraído.
Ele deixa a fábrica para passar
uma semana em um mosteiro localizado perto do lago Michigan, nos Estados
Unidos. O lugar abriga de trinta a quarenta frades da Ordem de São Bento. Ainda
hoje, como nos catorze séculos anteriores, os frades vivem centrados em três
premissas – oração, trabalho e silêncio.
Uma das razões que estimula John a
fazer o retiro é saber que Leonard Hoffman está vivendo ali. Hoffman é um
ex-executivo de uma das maiores empresas dos Estados Unidos que largou tudo e
se tornou frade. Leo, como Leonard era chamado, tornou-se lendário nos círculos
empresariais por sua habilidade para liderar e motivar pessoas. E também por
ser capaz de transformar várias companhias à beira do colapso em negócios de
sucesso.
No mosteiro, o frade dá aulas de
liderança para John e outras cinco pessoas. O pregador Lee, o sargento do
Exército Greg e três mulheres: Teresa, diretora de uma escola pública; Chris,
treinadora do time de basquete da Universidade Estadual do Michigan, e Kim,
enfermeira-chefe do Centro Neonatal de um hospital da região. Cada um deles vem
de um setor diferente, tendo como denominador comum o cargo de liderança em
suas respectivas organizações.
Qual a principal mensagem que você
quis transmitir com sua obra?
Ensinar de forma clara e agradável
os princípios fundamentais dos verdadeiros líderes. Mais do que isso,
disseminar os princípios da liderança servidora. Um dos principais objetivos do
livro era comunicar a ideia de que liderança pode ser aprendida e desenvolvida,
se tivermos a vontade de amar, crescer e expandir.
Porque as pessoas se identificam
com os personagens de seu livro?
A maioria das pessoas se
identifica com histórias e parábolas. Por isso, escolhi escrever o livro neste
formato. Jesus de Nazareth nos mostrou que contar histórias é uma ótima forma
de ensinar profundas verdades. Acredito que há uma parte de nós em cada
personagem.
Você tem ideia de seu livro é um
best-seller no Brasil? A que você atribui esse sucesso?
O mundo está mudando. Pessoas
estão mudando. Elas querem mais de seus líderes. Para isso, os líderes precisam
crescer e desenvolver suas habilidades.
Você conhece o trabalho de algum
consultor no Brasil?
Na primeira vez que vim ao Brasil,
tive a oportunidade de conhecer dois consultores que passei a admirar: Marco
Aurélio Vianna e Wilson Mileris. Inclusive o Wilson está escrevendo seu
primeiro livro agora, e espero que seja bem sucedido.
Qual o argumento do seu próximo
livro? Fale um pouco sobre ele.
Meu próximo livro, "The
World‘s Most Powerful Leadership Principal - How to be a servant leader, como o
próprio nome já diz, fala novamente sobre liderança servidora, porém indicando
as etapas que devem ser seguidas para se implantar um processo de liderança
servidora em uma empresa. A primeira seria a educação, na qual se aprende os
principais conceitos, e que foi iniciada no meu primeiro livro. A segunda é a
identificação de deficiências, onde os membros da equipe apontam, de maneira
anônima, os pontos que eles acreditam que seu líder precisa aprimorar. E a
terceira, a principal, é o exercício da liderança servidora, efetivamente.
Qual obra relacionada à liderança
você indicaria para os executivos brasileiros?
“Good to Great: why some companies
make the leap… and others don’t” – Jim Collins
É necessário mudar seus conceitos
e condutas para ser um bom chefe?
Sim. É necessário praticar as
habilidades de líderes para que elas se tornem um hábito.
Como as empresas identificam um
bom líder?
Existem algumas ferramentas que
ajudam as empresas. Meu segundo livro dá algumas dicas. Em primeiro lugar, é
possível medir o desempenho pelos resultados e, em segundo lugar, existem
alguns testes para avaliar o chefe.
O ambiente influencia no
desenvolvimento de líderes?
É muito útil quando o topo suporta
as ideias, mas não é necessário. Conheço muitos grandes líderes que não trabalham
em um ambiente favorável.
O que significa ser um líder?
Liderança é influenciar e inspirar
pessoas para agirem. Liderança não é apenas gerenciamento. Gerenciar é
planejar, resolver problemas, organizar. Essas coisas são importantes, mas não
fazem da pessoa um líder.
Como você administra o sucesso
profissional, com o lado pessoal?
O equilíbrio entre pessoal e
profissional não é minha especialidade. Porém, eu sei que grandes líderes
trabalham com a necessidade das pessoas no trabalho e em casa. Eles também
precisam trabalhar suas próprias necessidades pessoais para crescer
emocionalmente e espiritualmente. Portanto, equilíbrio é crucial e líderes
efetivos precisam encontrar esse equilíbrio em suas vidas.
Qual a mensagem que você gostaria
de deixar para os executivos brasileiros?
Deixo algumas lições do
protagonista do meu livro Leo Hoffman que todos nós podemos usar em nossas
vidas:
• Saber ouvir é uma das habilidades mais importantes que um líder
pode desenvolver.
• Sempre que duas ou mais pessoas
se reúnem com um propósito, há uma oportunidade de exercer a liderança.
• Exercer influência sobre os
outros, que é a verdadeira liderança, está disponível para todos, mas requer
uma enorme doação pessoal.
• Gerência não é algo que se faça
para os outros. Pode-se gerenciar inventário, talão de cheques, recursos ou até
a si mesmo. Mas não se gerencia seres humanos. Pessoas não são gerenciadas e sim lideradas.
• Poder é diferente de autoridade.
Sob poder, as pessoas são obrigadas a agir como alguém manda. Já a autoridade
leva as pessoas a fazer as coisas de boa vontade.
• A chave para a liderança é
executar as tarefas enquanto se constroem os relacionamentos. O líder que não
estiver cumprindo as tarefas e só se preocupar com o relacionamento não terá
sua liderança assegurada.
• Os maiores prazeres da vida são
totalmente grátis, como casamento, família, amigos, filhos, netos, nascer e
pôr-do-sol, noites de lua, estrelas, sexo, boa saúde, flores e lagos.
• Desafiar os velhos caminhos
requer muito esforço, mas acomodar-se nos paradigmas ultrapassados, também. O
mundo está mudando tão rapidamente que podemos ficar paralisados se não
desafiarmos nossas crenças e paradigmas.
• Um líder é alguém que identifica
e satisfaz as necessidades legítimas de seus liderados e remove todas as
barreiras para que possam servir ao cliente. Para liderar você deve servir.
• Autorrealização é tornar-se o
melhor que você pode ser ou é capaz de ser.
• De acordo com a definição de
liderança criada pela turma de Hoffman – a habilidade de influenciar pessoas
para trabalharem entusiasticamente visando atingir aos objetivos identificados
como sendo para o bem comum –, Jesus
Cristo seria o melhor exemplo de líder da história da humanidade.
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