terça-feira, 5 de março de 2019

O lider 360 graus


MAXWELL, John C. O líder 360º. 2 ed. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2012

Esta obra, traduzida por Valéria Lamin Delgado, é composta por seis seções, num total de 326 páginas: 
1.    os mitos de se liderar do escalão médio de uma organização; 
2.    os desafios que líderes 360º enfrentam; 
3.    os princípios que líderes 360º põem em prática na liderança para cima; 
4.    os princípios que líderes 360º põem em prática para os lados; 
5.    os princípios que líderes 360º põem em prática para baixo; 
6.     o valor de líderes 360º e crie um ambiente que traga à tona líderes 360º.
John C. Maxwell é especialista em liderança, ministra palestras sobre o tema e treina líderes por todo o mundo. Fundador de diversas instituições que se dedicam a ajudar pessoas a atingirem seu potencial, destaca-se a EQUIP, uma organização sem fins lucrativos. Escreveu mais de quarenta livros, dentre eles: Vencendo com as pessoas, Você nasceu para liderar e As 21 irrefutáveis leis da liderança.
O livro O líder 360º traz dicas de como é possível, a partir do escalão médio de uma organização, exercer liderança 360º (para quem você trabalha, entre seus pares e aqueles que trabalham para você), lidando com desafios únicos, adquirindo competências necessárias e, sobretudo, desenvolvendo a influência.
Logo no início, o autor aborda o erro que muitas pessoas cometem ao acreditar que títulos são peças fundamentais para liderar. O que importa, de fato, é o impacto, a maneira como é possível influenciar as pessoas, a disposição e não a posição, fazendo jus ao título da obra. Outro paradigma que precisa ser quebrado é a do destino, no qual apenas no momento em que o indivíduo estiver no topo é possível aprender a liderar. Maxwell tenta exprimir que, com essa crença, a oportunidade jamais chegará, é preciso se preparar antes de assumir a posição.
Da mesma forma, demais aspectos são discutidos, como: a influência deve ser conquistada; mesmo no topo, não existe controle total ou proteção; as responsabilidades aumentam à medida que se sobe na organização; é preciso se esforçar para atingir o topo do seu empreendimento, não da organização; e você não precisa ser o chefe para fazer a diferença.
Ser um líder é um trabalho desafiador. Por isso, não é de se surpreender que muitos sejam frustrados, tensos e tenham vontade de desistir. O temperamento e habilidades entram em jogo. As recomendações que Maxwell dá são: conheça as suas restrições para não ser surpreendido; agregue valor, mude as suas atitudes para não se frustrar ao seguir um líder ineficiente; conheça suas responsabilidades e as execute com excelência, sem negligencia-las ou deixar de ser flexível; busque reconhecimento sem ferir os interesses da equipe; corra atrás da realização da equipe, pois o grupo está acima do eu; e um líder deve ser um visionário.
Com o intuito de liderar para cima, Maxwell traça nove princípios que compõem um panorama de como ser líder para o seu líder. Haja vista que líderes desejam liderar e não serem liderados, esse pode ser considerado um grande desafio. O segredo para superá-lo é ter incorporado vontade de agregar valor, e não de bajular o seu chefe.
É preciso que o líder do escalão médio se lidere bem, maximizando oportunidades e aspectos pessoais; alivie a carga do seu líder, pois é impossível vencer se o chefe fracassar; se esforçar em tudo que for necessário, causando impacto e influência; saber que liderança é muito mais que gerenciamento; desenvolver relacionamentos para ser compreendido; gastar bem o tempo do seu líder; saber quando avançar e recuar; e evoluir sempre para manter-se na posição.
Já para liderar para os lados, é preciso mostrar razões para que seus colegas o respeitem e o siga, um benefício conquistado ao ajudá-los a vencer. Certamente é uma questão muito delicada, em que o ponto crucial é a influência. Destaco outros princípios apontados pelo autor sobre o tema: não tenha pressa, siga todos os passos para influenciar e liderar seus pares; equilibre a competição saudável com o trabalho em equipe; construa laços de amizade; evite políticas negativas por ambição, aja para ficar com consciência limpa; saia da zona de conforto e amplie o círculo de relações; permita que a melhor ideia prevaleça, pois ser um líder 360º não tem a ver com seguir o próprio caminho ou vencer a qualquer preço, é preciso ter espírito colaborativo; e não finja ser perfeito, apenas dê o seu melhor. Através desses passos, seus colegas irão respeitá-lo, ouvi-lo e dar-lhe uma chance. Assim que começa a liderança.
Na liderança para baixo, ou seja, para seus subordinados, é preciso fazer mais do que simplesmente direcionar as pessoas, é preciso agregar valor a elas de qualquer maneira possível. Procure descobrir quem são elas e, assim, as ajude para atingirem seu potencial. Isso se torna mais fácil quando o líder é considerado um exemplo ao qual eles podem seguir.
Tornar-se um líder com habilidade de influenciar em qualquer nível hierárquico não é uma tarefa simples, leva muito tempo, porém vale o esforço. Por isso, para que os leitores possam refletir mais a respeito e adquirir motivação, Maxwell estende-se a uma lista de cinco valores que líderes 360º agregam: uma equipe de líderes é mais eficiente do que um único líder; os líderes são necessários em todos os níveis da organização; liderar com sucesso em um nível é o que qualifica para liderança no nível seguinte; bons líderes no escalão médio se tornam líderes melhores no topo; líderes 360º possuem qualidades das quais toda organização precisa.
Por fim, o autor se direciona àqueles que já são o líder principal da organização, para que criem um ambiente que traga à tona líderes 360º.
Ao concluir a leitura, me submeti a alguns instantes de reflexão e percebi o quão errôneo era o meu conceito sobre liderança, consentindo com o que foi apresentado. Esta obra transformou meu ego, me direcionou a uma nova perspectiva e, também, mostrou o impacto que esse tipo de liderança tem para a revolução necessária das organizações nos dias atuais.
É difícil acreditar que o autor, muito inteirado do assunto, jamais foi o CEO de uma multinacional ou afim, e sim, líder de organizações religiosas e voluntárias. Talvez por isso o destaque da obra seja, em grande parte, quanto às relações interpessoais. Ao mesmo tempo, prova-se que o que foi defendido aplica-se em qualquer tipo de situação. E, ainda nesse contexto, certamente ele tem propriedade do assunto, pois não contou com artifícios e nem mesmo capacidade de persuasão durante sua carreira.
Ficou claro que, independente do nível hierárquico, ser líder é ter influência. Influência esta que precisa ser trabalhada e consome tempo para adquirir, mas é a chave para se desenvolver em qualquer ponto da estrutura corporativa.
Outro aspecto que foi muito defendido e me atraiu é a necessidade de ter, lidar e passar a visão. Segundo Maxwell (2012, p. 266) “Embora os líderes no escalão médio talvez nem sempre sejam os criadores da visão, eles quase sempre são seus intérpretes”.
Minha crítica à obra fica pela repetição de detalhes, detalhamento excessivo de conceitos simplistas e linguagem confusa e/ou mal traduzida. De qualquer modo, vale ressaltar a rica mensagem que o livro nos traz, principalmente àqueles que desejam tornarem-se líderes, em especial, os alunos do curso de graduação e pós em administração e áreas congêneres. 
A leitura nos apresenta oportunidades infinitas para a empresa, carreira e vida. 

Após concluí-la, basta pôr em prática.

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