terça-feira, 4 de setembro de 2012

Um ano sem Steve Jobs


No próximo dia 05 de outubro, completa-se um ano que o mundo ficou menos criativo, pois  perdemos um ser humano iluminado, aquele que através de suas criações tornou nosso cotidiano mais agradável, eficiente e acima de tudo, mais bonito.
É essa impressão que fica, de que gente fora de série, nunca morre.
É o que justifica frases que, vez ou outra ouvimos: “Elvis não morreu” ou “Lennon vive”.
Alguém já definiu a nova condição do fundador da Apple: “Steve Paul Jobs não morreu, apenas foi habitar o ciberespaço”.
De certa forma, acredito que o mais notável empreendedor das últimas décadas pode ensinar muito aos jovens que chegam ao mercado de trabalho, sejam eles empreendedores, sejam colaboradores de empresas já consolidadas.
Jobs teria uma boa desculpa para passar a vida reclamando. Filho de uma norte-americana e de um imigrante muçulmano sírio, foi logo entregue para adoção.
Anos depois, podia ter largado tudo quando se viu sem dinheiro para pagar o curso universitário.
Mesmo sem a matrícula convencional, continuou assistindo às aulas. Dormia no chão da casa de amigos. Comia com os trocados que ganhava coletando e vendendo garrafas de Coca-Cola. Uma vez por semana, descolava uma refeição decente no templo Hare Krishna local.
A partir daí, a história de Jobs é bem conhecida, mas convém destacar que bem podia ter aceito o fracasso que o destino lhe propunha, em vez de rebelar-se e dirigir seu pensamento para a revolução tecnológica.
Essa decisão corajosa, por si só, constitui-se numa tremenda lição para os novos profissionais. Pode parecer frase de livro de auto-ajuda, mas vale repeti-la aqui: “nunca desista de seus sonhos”.
Cabe lembrar também que Jobs não era um “nerd” convencional. Não consumiu a juventude trancado em seu quarto, mexendo em circuitos eletrônicos.
Ainda jovem, viajou para a Índia em busca de iluminação espiritual. Conheceu pessoas diferentes e um estilo de vida muito distinto do norte-americano.
Virou budista, rapou a cabeça, usou bata e teve experiências psicodélicas. Segundo ele, essa aventura no mundo da contracultura foi fundamental para que quebrasse paradigmas e constituísse novas interfaces para as máquinas inteligentes.
Portanto, aquele que quiser inovar, de verdade, precisa conhecer o mundo em metamorfose e aprender a lidar com a diversidade humana.
Jobs era um orador formidável, capaz de resumir em poucas palavras pensamentos muito complexos.
Muitos desses conceitos foram expressos justamente em mensagens que tinham como alvo os jovens profissionais.
Em 1985, numa entrevista para a Playboy, ele mostrou que todo grande empreendedor precisa enxergar à frente de seu tempo, identificando as aspirações e demandas da sociedade. Por meio desse exercício dialético, antecipou a utilidade de seus produtos nas décadas seguintes.
- A principal razão para a maioria das pessoas comprarem um computador para suas casas será para se conectar a uma rede nacional de comunicações. Estamos apenas nos primeiros estágios do que será uma grande revolução para a maioria das pessoas – tão revolucionária quanto o telefone.
Em 1996, no documentário Triumph of the Nerds, explicou parte de seu sucesso ao comparar seu modus faciendi com aquele da empresa de Bill Gates.
- O único problema da Microsoft é que eles não têm estilo. Eles não têm estilo nenhum. E não falo isso nas pequenas coisas. Falo em tudo, no sentido de que eles não pensam em ideias originais e de que eles não levam cultura para seus produtos.
Jobs pretendia dizer que o empreendedorismo revolucionário devia ser holístico. Necessitava de ousadia, inovação, criatividade e de uma visão integral das transformações sociais e econômicas.
Naquele mesmo ano, falando para a revista Wired, anteviu o processo de miniaturização das estações de trabalho, que seriam valorizadas também pela mobilidade.
- Entrará para a história como uma grande mudança na indústria musical. Eu não posso subestimar isso.
- A indústria do computador desktop está morta. A inovação virtualmente acabou. A Microsoft domina cada uma destas inovações. Isso acabou. A Apple perdeu. O mercado do PC desktop entrou em uma fase negra e ficará nela pelos próximos 10 anos ou até o final desta década.
 Como estrategista de negócios, portanto, Jobs não apenas contemplava o devir. Cada um de seus projetos tinha por meta remodelar o futuro.
 Foi o que fez, por exemplo, no campo da arte e do entretenimento. Vale lembrar o que declarou para a Fortune, em 2003, referindo-se à loja virtual iTunes.
 Cabe lembrar também o que disse, de modo bem franco, para os formandos de Stanford, em 2005.
 - Às vezes a vida te bate com um tijolo na cabeça. Não perca a fé. Estou convencido de que a única coisa que me fez continuar foi que eu amava o que fazia. Você precisa encontrar o que você ama. E isso vale para o seu trabalho e para seus amores. Seu trabalho irá tomar uma grande parte da sua vida e o único meio de ficar satisfeito é fazer o que você acredita ser um grande trabalho. E o único meio de se fazer um grande trabalho é amando o que você faz. Caso você ainda não tenha encontrado (o que gosta de fazer), continue procurando. Não pare.
 Para terminar este tributo, lembro o que Jobs revelou ao The Wall Street Journal, em 1993, numa bela entrevista.
 - Ser o homem mais rico do cemitério não me interessa. Ir para a cama à noite dizendo que fizemos algo maravilhoso, isso, sim, me importa.
 Se Jobs foi dormir de vez, é certo que fechou os olhos satisfeito, “tranquilo”, como relatou a família. Viveu 56 anos sem abdicar da juventude. Esticou seu tempo breve empreendendo, todos os dias. Deixou para trás um mundo mais inteligente e mais conectado.

É seu legado: o que deixa para mim e para você.

Texto originalmante escrito por Carlos Júlio.

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