O texto abaixo, publicado na Revista Administradores: "Lições de inovação, aprender com a Apple a fazer diferente", foi escrito por Bill Fischer que é professor de Gestão de Tecnologia do IMD, uma das principais escolas de negócios do mundo, localizada na Suíça, aponta ações que deram à empresa de Jobs o status de mais inovadora do mundo e mostra como elas podem servir de exemplo para nós.
Devido às mudanças na economia mundial e ao aumento da concorrência, parece que a última tendência em consultoria estratégica instintiva para as empresas é tornar-se "mais inovador". No entanto, ser mais inovador não é tão fácil. O mercado mundial está repleto de carcaças corporativas de empresas que aspiravam à inovação. Grandes organizações como a Digital Equipment, Pan American Airlines e Polaroid, líderes inovadores em suas indústrias durante bastante tempo, já não existem, em grande parte devido à incapacidade de sustentar avanços tecnológicos.
Há mais de uma década, a Apple é considerada a empresa mais "inovadora". iPhones, iPods e iPads modificaram não só o mercado, mas a maneira com que vivemos. O iPod detonou a produção e distribuição de CDs e sacudiu a rádio com os podcasts. É realmente uma história de sucesso de inovação e levou apenas oito meses, do início ao fim. Claramente, há muito para apreender.
Motiva-se com os erros
A Apple não pensava em música portátil no fim do século 20. Na era do mp3 e compartilhamento peer-to-peer, estava focada em vídeo e no desenvolvimento do iTV e do iMovie – tanto que seu iMac na época não tinha sequer gravador de CD. Na verdade, ignoraram completamente o mercado da música. A empresa mais inovadora do mundo estava literalmente cega a uma das maiores tendências sociais daquele momento! No entanto, previsões financeiras fizeram com que percebessem a necessidade de mudar sua abordagem ao mercado e à tecnologia.
Dada sua reputação para a inovação e tendências, a incapacidade de prever a importância da música na vida dos usuários de computadores pessoais foi completamente atípica, mas uma perda de US$ 195 milhões no trimestre os motivou a repensar a maneira com que se inseriam no mercado. A Apple não só aprendeu com seu erro, mas o usaram como 'catapulta' para a inovação.
Busque habilidades
Então, se você é a Apple, como você se recupera? A maioria dos livros de gestão de equipe recomenda: "contrate atitude, ensine habilidades". Este modelo propicia um ambiente de trabalho harmonioso e colaborativo. No entanto, no mundo da inovação, aspirações e atitudes não são suficientes. Na situação em que se encontrava, a Apple precisava de habilidades reais e, assim, quando Steve Jobs formou a equipe do iPod, ele agrupou os melhores em hardware, software e design. Estes tinham a missão de mudar o mundo; acirrando o espírito competitivo e atingindo altíssimos níveis.
Repare no alheio para se ter grandes ideias
O que realmente diferencia o iPod dos outros tocadores de mp3 não é o hardware, software ou o design – embora todos sejam ótimos. Seu verdadeiro destaque é a facilidade com que o cliente pode acessar, baixar, armazenar e carregar músicas e podcasts. Essa "inovação" não vem de dentro da Apple, mas de fora. Tony Fadell tentava desenvolver isto por conta própria e a empresa o encontrou e o contratou por oito semanas! Pense em como isso é difícil: encontrar alguém com uma boa ideia. Não era para construir uma relação a longo prazo, mas simplesmente para acessar uma boa ideia de outra pessoa.
Áreas criativas e inovadoras
Steve Jobs colocou a equipe em um espaço físico comum que, embora não condizente à hierarquia, fez com que os membros tivessem uma comunicação eficiente. O ambiente de trabalho tinha "muito pouco espaço pessoal" – não havia cubículos ou salas. Ao impor ambientes abertos, a criatividade e o fluxo livre de ideias foram incentivados.
Definir limites de liderança
Quando se fala de Apple, fala-se de Steve Jobs. Ele é uma figura importantíssima à marca e atitude da empresa. Então, qual seu papel no iPod? Depois de desenvolver uma equipe de primeira, Jobs lhes deu visões claras e ambiciosas. Ele cobrou a criação de um produto que colocaria 1.000 músicas em seus bolsos, com software tão simples que até suas mães poderiam usá-lo e uma oferta completa de produtos que estariam em pontos de venda dentro de oito meses. A beleza desses objetivos é que são simples, claros e precisos, mas abrangentes o suficiente que a equipe poderia trabalhar totalmente focada e livre ao mesmo tempo. Líderes inovadores devem fornecer um briefing claro que organize a equipe e que não restrinja suas capacidades.
Mesmo com a fama de se envolver nos projetos, Jobs realmente não interferiu muito no iPod. Ele foi perspicaz em montar uma equipe altamente qualificada e deixar que suas habilidades brilhassem. Porém, ao longo do caminho, ele agiu como policial e também cheerleader, impondo uma atitude que deixou os membros da equipe saberem que se a Apple tivesse sucesso, eles também teriam sucesso pessoal. Ele vigiou os parâmetros do projeto, garantindo a adesão da equipe às suas metas.
Pés no chão
Outro produto da Apple, o iPhone, está redefinindo a telefonia. No entanto, esta inovação foi uma ameaça à Apple quando um problema técnico afetou a qualidade do sinal. A resposta de Jobs mostrou sua verdadeira liderança: uma mensagem que corresponde à cultura da Apple – uma empresa que, repetidas vezes, mudou o mundo para melhor. Sua mensagem foi: "vamos resolver o probleminha do iPhone", e para seus concorrentes: "pegue-nos se for capaz".
A Apple continua inovando. O iPad promete revolucionar o setor editorial. Mais uma vez, Jobs viu uma oportunidade de cadeia de valor em um setor que, atualmente, está vulnerável às grandes mudanças e que usa tecnologias modernas, porém não revolucionárias. A empresa desenvolveu uma maneira inovadora de lucrar ao "religar" a experiência do consumidor de maneira que possam tecer uma nova cadeia de valores.
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