Quais são as habilidades que vão te diferenciar no mercado de trabalho atual e principalmente no futuro?
Para Murilo Gun, humorista, palestrante e professor de criatividade, praticamente metade das profissões tem uma alta chance de ser automatizada nos próximos 20 anos e o sucesso profissional no futuro está diretamente ligado ao desenvolvimento de quatro habilidades que tornam a inteligência humana um complemento indispensável ao avanço tecnológico.
Notícias como o anúncio do novo serviço de carros autônomos do Uber em plena atividade em uma cidade dos EUA deixam claro que muitas das previsões tidas como ficção científica já fazem parte do presente e estão modificando a realidade cada vez mais rápido. A empresa de consultoria empresarial americana McKinsey & Company divulgou este ano o relatório “Onde as máquinas poderiam nos substituir – e onde não (ainda)” e, nele, revela que 45% das atividades pelas quais as pessoas são pagas nos EUA poderiam ser automatizadas atualmente. Além disso, seis de cada dez empregos poderiam ter um terço de suas atividades fundamentais executadas por máquinas. Já segundo a BCC Research, o mercado de máquinas inteligentes somou US$ 5,3 bilhões em 2013 e deve chegar a US$ 15,3 bilhões em 2019, um crescimento de quase 200%.
A reflexão gerada é óbvia: será que as máquinas vão ganhar tanto espaço a ponto de abocanhar funções antes exclusivamente humanas? Para os futuristas, a resposta é ainda mais evidente: claro que sim! Só não se sabe quando exatamente isso vai impactar o mercado de trabalho a ponto de gerar uma transformação radical no modelo atual. Para Murilo, o caminho para se diferenciar em um ambiente competitivo como o que vem se revelando é investir em habilidades intrinsecamente humanas, não substituíveis pelas máquinas, e que, portanto, serão cada vez mais valorizadas.
"A inteligência artificial ainda está engatinhando como mão de obra. Estamos acostumados ao telemarketing e caixa eletrônico automatizados, mas as máquinas vão começar a adquirir habilidades que colocarão em xeque muitas profissões tidas como seguras. O site da revista Forbes já disponibiliza várias matérias escritas por computadores; nos Estados Unidos, pequenas causas da Justiça vêm sendo resolvidas por softwares; e a IBM está desenvolvendo um projeto para catalogar todo o conhecimento da Medicina e criar um computador para diagnosticar diversas doenças. Subestimamos muito a tecnologia. Pensamos que algo vai levar décadas e aí ela chega e transforma completamente o cenário, porque cresce exponencialmente. A gente também precisa atualizar o nosso software. E com urgência!", alerta Gun.
De acordo com a teoria criada por ele são quatro as inteligências que devem ser desenvolvidas para se destacar no mercado atual e no futuro: a inteligência interpessoal, a intrapessoal, a criativa e a interartificial.
- Inteligência interpessoal: Capacidade de se relacionar, pessoalmente e profissionalmente, com outras pessoas, além de entender seus desejos e pensamentos, para conseguir conectar-se com elas. Tem muita relação com a capacidade de liderança.
- Inteligência intrapessoal: Tem a ver com a capacidade de conectar-se consigo mesmo. É conseguir alcançar autoconhecimento e autocontrole, dominando melhor, assim, emoções e estresse.
- Inteligência criativa: É a habilidade de pegar qualquer uma das demais inteligências e aplicar de forma inovadora. Ser capaz de fugir dos padrões e das respostas pré-definidas como as melhores práticas. Pensar de forma original e encontrar soluções inovadoras para os problemas.
- Inteligência interartificial: É a capacidade de entender as potencialidades da inteligência artificial e da robótica, não apenas para se proteger delas, como também para fazer parcerias com elas. Conhecer as potencialidades das novas tecnologias amplia a capacidade de pensar de forma criativa em soluções utilizando-a a nosso favor.
O professor explica que desenvolveu a teoria das quatro habilidades do futuro a partir da combinação de três fontes: a teoria das inteligências múltiplas, de Howard Gardner, um estudo de 2013 da Universidade de Oxford, que trata sobre a susceptibilidade dos empregos para a automação, e sua experiência no curso de 10 semanas na Singularity University, instituição de ensino da NASA, no Vale do Silício (EUA).
"As inteligências mais valorizadas hoje ainda são aquelas cobertas pelo teste de QI – lógico matemática, espacial e linguística. Mas estas são exatamente as inteligências em que a máquina está se tornando melhor do que nós. Dirigir, por exemplo, é uma tarefa repetitiva e padronizada que já está sendo substituída pelo software, nos carros autônomos. Só que existem habilidades bastante genéricas e exclusivamente humanas que podem e devem ser desenvolvidas pelos profissionais que querem se destacar", afirma Gun.
Segundo Gun, a criatividade é a que mais se destaca entre as quatro porque é a que mais influencia as demais e, curiosamente, a que menos profissionais estão buscando ativamente desenvolver:
"Muitas pessoas estão estudando suas habilidades interpessoais, intrapessoais e até mesmo estudando robótica ou inteligência artificial, mas poucas estão procurando aprender a ser mais criativas. Muita gente sequer acha que é uma competência pode ser estudada. Mas eu afirmo que todo mundo precisa ser mais criativo e todo mundo consegue ser mais criativo", explica Gun.
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