Prof. Pierluigi Piazzi |
Pierluigi Piazzi, mais conhecido pelos seus alunos e colegas de profissão, como Prof. Pier. Nasceu na Itália, no dia 29 de janeiro de 1943, durante a 2ª Guerra Mundial e chegou ao Brasil em 1954, lecionou por mais de 50 anos em diversas instituições de ensino, acumulando vasta experiência na área de aprendizado. Nos deixou em 22 de março de 2015, aos 72 anos.
Na época em que foi professor do cursinho pré-vestibular Anglo, em São Paulo/SP, e eu prof. de Física no Colégio Anglo em Uberlândia, tive a oportunidade de participar de alguns cursos ministrados por ele, onde fazia questão de comentar que a maioria absoluta dos alunos não sabia estudar.
Ele trabalhou como professor, garçom, confeiteiro, motorista de caminhão, topógrafo, tratorista e químico. Foi professor de cursinho e chegou a preparar cerca de 100 mil alunos para o vestibular.
Ao aliar sua experiência como professor e os conhecimentos adquiridos ao lecionar Inteligência Artificial e Configuração de Redes Neurais num curso de Engenharia da Computação, conseguiu identificar os erros no sistema educacional brasileiro. Por mais de dez anos viajou pelo Brasil e visitou centenas de escolas fazendo palestras para pais, alunos e professores e mostrando como evitar esses erros.
Pensando em uma forma de ajudar estes alunos a serem estudantes, o prof. Pier escreveu o livro “Aprendendo Inteligência”.
Sorte nossa que ele não parou por aí.
Depois dessa primeira obra, voltada aos estudantes, escreveu outras três: “Estimulando Inteligência” (para os pais), “Ensinando Inteligência” (para professores) e “Inteligência em Concursos” (para concurseiros).
Prof. Pier era defensor da ideia de que inteligência se aprende!, isto é, todos os dias podemos ficar um pouquinho mais inteligentes.
Durante muito tempo, acreditou-se que a inteligência era uma característica inata, porém, com os recentes avanços da neurociência, tem-se provado que ela pode ser desenvolvida.
A Neurociência ou Ciência Neural é o estudo do sistema nervoso, de como ele se desenvolve, sua estrutura, o que faz e suas influências nas ações cognitivas interligadas ao cérebro. Essa ciência não só ajuda a entender o funcionamento normal do sistema nervoso, como também o que acontece com o sistema nervoso quando as pessoas têm distúrbios neurológicos, psiquiátricos e de desenvolvimento neurológico.
A Neurociência mostra que hoje em dia inteligência, talento e vocação são qualidades aprendidas, de forma tão precoce que as pessoas pensam que é de nascença. Ao vir ao mundo, nascemos como folhas em branco, portanto podemos ser qualquer coisa, ninguém nasce matemático, músico, médico.
Poucas áreas da ciência passaram por uma revolução tão espetacular nos últimos cinquenta anos como o estudo do cérebro, uma massa de proteína e gordura de 1,4 Kg que controla os sentimentos, o raciocínio e o comportamento.
A complexa rede por onde correm os impulsos eletroquímicos que produzem as sensações e os pensamentos de uma pessoa é formada por 100 bilhões de neurônios, conectados uns aos outros por meio de até 10.000 sinapses. Se o sequenciamento do DNA exigiu 3 gigabytes, o mapeamento do cérebro, vai requerer 1 trilhão de gigabytes de memória (eletrônica). Veja, 26/09/2018 –pág. 143.
O córtex cerebral é a mais eficiente e sofisticada máquina de pensar existente. É a parte mais nobre do cérebro, fundamental para a memória de longo prazo.
O sistema límbico é cheio de estruturas complexas (tálamo, hipotálamo, amígdala, etc.) nas quais se destaca uma, denominada hipocampo, muito importante para a memória de curto prazo.
Há pouco mais de um século, o cientista alemão Korbinian Brodmann dividiu o cérebro humano em 52 regiões diferentes, criando o primeiro “mapa” do cérebro. No mês de dezembro de 2017, um esforço científico liderado pela Universidade de Washington em Saint Louis, nos Estados Unidos, atualizou essas divisões, revelando que o córtex, a camada mais externa do cérebro, tem 180 áreas que comandam a consciência, linguagem, atenção, percepções, pensamentos e sensações – um conhecimento sem precedentes sobre a mente humana.
Não é mais possível pensar nos processos de aprendizagem somente do ponto de vista abstrato. As neurociências tem demonstrado como, e em que situações, o cérebro atua nos processos de aprendizagem. A Neuropsicologia é o ramo das Neurociências que estuda este funcionamento cerebral permitindo que, hoje possamos pensar não somente em aprendizagem, mas, de forma mais ampla, em neuroaprendizagem.
O sistema límbico é a parte idiota do cérebro. Já notaram quando vocês acordam, quanta besteira a gente faz, porque estamos utilizando o sistema límbico. A boa notícia, dentro do cérebro de cada um de nós mora um gênio, o córtex.
Um neurônio, célula nervosa característica do cérebro, tem uma estrutura peculiar: do corpo da célula nascem ramificações (dentritos), cujos terminais podem se conectar aos outros neurônios.
Uma espécie de cabo de comunicação (axônio) revestido por uma capa de mielina, transmite, se devidamente estimulado, um pulso eletroquímico que vai enviar um sinal para os dentritos de outro neurônio.
Um conjunto de centenas ou de até milhares de neurônios formam a rede sináptica (rede neural).
Uma informação, portanto, é transformada em conhecimento somente se as redes neurais do córtex forem reconfiguradas.
Sinapses devem ser desfeitas, outras ativadas, dentritos morrem ou nascem, caminhos são refeitos. Portanto a estrutura física do cérebro deve ser alterada!
Temos 100 bilhões de neurônios conectados uns aos outros por meio de até 10.000 sinapses. O sequenciamento do DNA exigiu 3 gigabytes. O mapeamento do cérebro vai requerer 1 trilhão de gigabytes de memória eletrônica.
O sistema reticular tem a função de selecionar quais informações são importantes para retê-las e quais irão ser descartadas.
A aprendizagem resulta da reorganização de redes neurais espalhadas pelo cérebro, sendo que essas redes precisam ser ativadas para que as sinapses sejam feitas e desfeitas, levando à modificação da relação entre os neurônios o que chamamos de neuroplasticidade, e assim a novos conhecimentos, ideias, atitudes, habilidades, etc.
A ciência explica: A ansiedade é o resultado da correlação de diversas áreas do cérebro:
- Córtex pré-frontal –É a região responsável pelo raciocínio lógico e pela tomada de decisão. O córtex dialoga com a amígdala, filtrando as emoções.
- Amígdala –Estrutura responsável pelo processamento das emoções. Funciona como uma espécie de alarme que ”avisa” o cérebro se a situação é ameaçadora.
- Hipocampo –É nele que ocorre a fixação das memórias. Sempre que o cérebro se vê diante de uma nova situação, compara-a com o que está ”guardado” para decidir se o que vem pela frente é potencialmente bom ou ruim.
- Hipotálamo –Controla as reações fisiológicas do corpo e responde aos estímulos da amígdala. Ao identificar algum perigo, prepara o organismo para lutar ou fugir aumentando a produção de adrenalina e cortisol, o que provoca taquicardia, suor, mãos frias e respiração curta e ofegante.
- Fascículo Uncinado –É o feixe de neurônios que conecta o córtex à amígdala, a razão das emoções. Pesquisas mostram que a conexão é mais curta em pessoas altamente ansiosas e por isso a amígdala acaba respondendo mais intensamente. O fascículo é afetado pela ação do cortisol, o hormônio do stress. Veja, 02/01/2019 – pág. 81.
1. POR QUE ESTUDAR?
Estudamos para ficarmos cada vez mais inteligentes, pois quem tem mais chances de sair bem em um concurso, não é quem sabe mais, mas é aquele que conseguiu se tornar mais inteligente!
Inteligência, talento e vocação são qualidades aprendidas. O candidato que se preocupe em melhorar seu nível de inteligência leva uma vantagem enorme.
2. QUANDO ESTUDAR?
De acordo com o Prof. Pier, a fórmula para se tornar mais inteligente é simples e pode ser enunciada pela seguinte frase:
“Aula assistida hoje é aula estudada…hoje!”
O que ele quer dizer com isso?
Para explicar melhor, é importante estabelecer a diferença entre aluno e estudante.
Aluno é aquele que frequenta as aulas, que absorve as informações de maneira passiva e coletiva e que estuda somente na véspera da prova.
Estudante, por sua vez, é aquele que estuda em casa (ou na biblioteca), regularmente, de forma solitária e ativa!
O sistema educacional brasileiro é um dos piores do mundo porque é formado por milhares de alunos e pouquíssimos estudantes.
Segundo Pier, a aula serve para o aluno entender a matéria.
Mas somente com o estudo por conta própria ele vai aprender o conteúdo. E aprender significa não esquecer mais, isto é, armazenar de forma permanente.
Ele afirma que o ciclo de aprendizado tem um prazo de 24 horas. Por isso, é essencial estudar a matéria no mesmo dia em que foi assistida a aula, antes que se passe uma noite de sono. Por que antes de dormir?
Porque é durante o sono que o cérebro organiza a informação, descartando o que é inútil e inserindo na memória de longo prazo o que é importante.
Uma soneca de, no máximo, 15 minutos é permitida durante o dia. Coloque um despertador. Dormir a noite toda sem estudar faz com que a maioria do conteúdo seja esquecida no dia seguinte.
E os alunos que estudam na véspera da prova e tiram boas notas?
A resposta é óbvia: como o assunto fica armazenado na memória recente, eles esquecem tudo logo após o exame, ou seja, não aprendem nada! Enganam-se a si mesmos.
Certamente obterão um diploma universitário, mas provavelmente não serão profissionais competentes.
Em um tempo em que as máquinas estão substituindo cada vez mais a mão-de-obra, somente os inteligentes terão espaço no mercado (e não os diplomados).
3. COMO ESTUDAR?
E como deve ser o estudo solitário e ativo?
Para Pier, a melhor forma de estudar é escrevendo! Essa atividade aumenta as redes neurais, fixando melhor o conteúdo. Não adianta digitar no computador, tem que escrever com o lápis ou caneta no caderno.
Digitar grava na memória do computador. Escrever grava na memória do seu cérebro.
A neurologista Judy Willis é uma das defensoras do uso da escrita com lápis e caneta. Segundo ela a escrita desenvolve a criatividade e a expressão pessoal. Ambas ajudam no raciocínio cognitivo.
A escrita em ferramentas tecnológicas também possui suas qualidades, porém a escrita cursiva facilita muito mais o aprendizado. Pois escrever envolve mais áreas do cérebro, e quanto mais áreas você envolve na aprendizagem, mais fácil fica a memorização.
Se você está estudando você precisa escrever bastante. Faça resumos, mapas mentais, anotações em livros, o que desejar, mas use seus lápis e canetas, sem moderação.
Ler um livro, ainda que grifando, continua sendo estudo passivo e não é suficiente. Escreva resumos e esquemas das partes mais importantes em uma folha de papel.
Também não resolve estudar mais, tem que estudar melhor.
Crie o hábito de estudar um pouco, mas todos os dias, e você terá tempo para desfrutar dos melhores prazeres da vida, além de aumentar a sua inteligência.
É infinitas vezes melhor do que estudar muito, na hora errada (em cima da hora) e aumentar a sua ignorância.
Escolha um ambiente tranquilo e confortável para o estudo.
E quanto a estudar ouvindo música?
Pode, desde que seja música instrumental ou que você não entenda a língua da letra. Existe uma razão para isso.
Se você compreender a letra, a parte lógica e racional do seu cérebro vai dividir a atenção com o conteúdo que está sendo estudado.
Caso contrário, a música vai afetar uma parte diferente do cérebro, não havendo problema.
Algumas pessoas gostam de estudar ouvindo música para isolar ruídos externos e aumentar a concentração.
4. QUANTO ESTUDAR?
O melhor ritmo é estudar durante meia hora de forma intensa, fazer 10 minutos de intervalo, estudar mais meia hora, parar mais 10 minutos, e assim por diante.
Estude durante meia hora e faça 10 minutos de intervalo.
Durante os intervalos, o ideal é relaxar praticando uma atividade física (alongamento, caminhada curta) ou tocando algum instrumento musical.
Em hipótese alguma use equipamentos que tenham tela (TV, videogame, computador). Além de não descansar a mente, corre o risco de ultrapassar o tempo do break.
Como cada pessoa tem o seu próprio ritmo, a meia hora de estudo pode ser esticada para 40 minutos (nunca mais do que isso!).
E o intervalo não deve passar de 15 ou 20 minutos. Fazer intervalos aumenta bastante a eficiência nos estudos.
A enzima que estimula a formação de novas ramificações (dendritos –dendros = árvores) acaba se esgotando após uns 40 min, e só se refaz quando o cérebro descansa por 10 minutos.
Repete-se este ciclo no máximo 4 vezes.
Por fim, para desenvolver a inteligência você deve exercitar o raciocínio e, sobretudo, ler muito.
Pier afirma que só escreve bem quem lê muito e só lê muito quem lê por prazer.
Descubra aquilo que gosta de ler. Se não gostar de um livro, troque-o imediatamente, até achar aquele que você goste.
“Ninguém aprende coisa alguma se não for autodidata, ou seja, professor de si mesmo” (Pier).
Estudo não é questão de quantidade: é questão de qualidade! (prof. Alírio Nogueira)
Ou vc estuda de forma compatível com o funcionamento do seu cérebro ou nem adianta estudar. (prof. Alírio Nogueira).
5. COMO SE ORGANIZAR
Enfim, como se organizar? Separei, abaixo, uma lista com dicas fundamentais para você levar em consideração ao se preparar para um concurso:
- Invista em métodos eficazes de estudos porque com uma memória treinada os estudos renderão muito mais;
- Organize sua rotina, pois assim você conseguirá otimizar algumas tarefas, sobrando mais tempo para os estudos;
- Faça exercícios para a memória, pois assim você a fortalecerá, aumentando seu aproveitamento nos estudos;
- Planeje estudar em um horário fixo por dia, pois com um horário fixo você vai criar o hábito de estudar com mais dedicação, evitando distrações;
- Realize uma atividade por vez, pois assim você vai se concentrar mais na matéria que estiver estudando;
- Estabeleça metas, pois assim você conseguirá cumprir, com êxito, todo o conteúdo que precisa estudar;
- Crie o hábito de se exercitar fisicamente, pois isso o ajudará a ficar mais disposto para os estudos;
- Revise as matérias periodicamente, pois assim você conseguirá rever conceitos que foram estudados há algum tempo, evitando, portanto, de esquecê-los.
- Resolva exercícios, pois assim você ficará melhor preparado para as provas e saberá como os conteúdos vem sendo cobrados.
- Alimente-se bem, pois uma boa alimentação afeta positivamente em nosso desempenho de estudo diário;
- Durma, pelo menos, 6 horas por noite, pois o cérebro precisa armazenar tudo que aprendeu durante o dia e isto só ocorre durante o sono REM - Rapid Eye Movement ("movimento rápido dos olhos"), é a fase do sono na qual ocorrem os sonhos mais vívidos. Durante esta fase, os olhos movem-se rapidamente e a atividade cerebral é similar àquela que se passa nas horas em que se está acordado.
Organizar-se para aprender de modo realmente eficaz é o caminho mais seguro para a tão sonhada aprovação. Cultivar hábitos saudáveis, como dormir e alimentar-se bem, além de investir em técnicas eficazes de estudo, contribui para que você atinja seus objetivos.
Com foco, disciplina e organização, você terá condições de estudar e guardar todas as informações de que precisa para conseguir ser aprovado no concurso que tanto almeja!
Sucesso no concurso e na vida!
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