O livro “Sonho
Grande” mostra como Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira,
(1º, 4º e 8º homens mais ricos do Brasil), aplicaram o seu estilo de gestão em
diversas empresas que presidiram ao longo de suas carreiras.
Para se ter uma ideia,
esses caras pegaram a Brahma em situação delicada e a transformaram,
depois da aquisição da Budweiser, na maior cervejaria do mundo. Pegaram a Lojas Americanas desacreditada e a transforam em uma das maiores empresas de
comércio do Brasil. Eles também dobraram
o faturamento do Burger King em
apenas três anos de gestão, sem contar a recente aquisição da Heinz, no que foi a maior transação da
história do setor de alimentos. Ou seja, ao longo de suas carreiras, eles
arremataram três ícones da cultura americana! Mas não é só isso, ainda existem
rumores que futuramente os três pretendem comprar a Pepsico ou a Coca-Cola!
O estilo de gestão que
eles implantaram em cada uma das empresas que adquiriram, e que é bem
demonstrado ao longo do livro, é genial.
Os esquemas de meritocracia
e de corte de custos são citados a todo o momento!
O prefácio do
livro foi escrito por Jim Collins, o guru de gestão e para muitos, o sucessor
legítimo de Peter Drucker. Nele, Collins relata o início de sua amizade com
estes três grandes empresários na década de 90 e compartilha as principais
lições que aprendeu ao longo dos anos com a jornada deles:
Invista
sempre – e acima de tudo – em pessoas: para eles é melhor dar uma chance às pessoas
talentosas (ainda que novatas) e sofrer algumas decepções no caminho do que não
acreditar nelas. Possuem uma obsessão em conseguir as pessoas certas, investir
nelas, desafiá-las, construir a empresa com sua ajuda e vê-las experimentar a
alegria de realizar um “grande sonho”.
Sustente o
impulso com um grande sonho: Gente boa
precisa ter coisas grandes para fazer, senão leva sua energia criativa para
outro lugar. Assim, os três construíram um mecanismo que tem duas premissas
básicas: primeiro recrute as melhores pessoas e depois dê a elas coisas grandes
para fazer. Em seguida atraia mais gente boa e proponha a próxima coisa importante
a fazer.
Crie um
cultura meritocrática com incentivos alinhados: Eles desenvolveram uma cultura que valoriza o
desempenho, não o status; a realização, não a idade; a contribuição, não o
cargo; o talento, não as credenciais. Os três sócios acreditam que as melhores
pessoas anseiam pela meritocracia, enquanto as pessoas medíocres têm medo dela.
Você pode
exportar uma ótima cultura para setores e geografias amplamente divergentes: Para Lemann, Telles e Sicupira, a cultura não é
um apoio à estratégia; a cultura é a estratégia. O modelo criado foi
transferido de um banco de investimentos para uma cervejaria; do Brasil para a
América Latina; depois para a Europa e os Estados Unidos, e agora para todo o
mundo.
Concentre-se
em criar algo grande, não em “administrar dinheiro”:
Quando tomaram a decisão de comprar a cervejaria Brahma, muitos
observadores esperavam que eles simplesmente a usassem para um rápido ganho
financeiro. Agora, mais de duas décadas depois dessa compra, podemos comprovar
que eles nunca a viram como uma transação financeira, e sim como um passo para
o crescimento. Para eles administrar dinheiro, por si, nunca cria algo grande e
duradouro, mas desenvolver algo grande pode levar a resultados substanciais.
A
simplicidade tem magia e genialidade: Em quase todas as dimensões,
os três buscam ser simples. Eles usam trajes bem comuns – você não os notaria
numa multidão. Sempre mantiveram escritórios modestos, nunca se isolando de seu
pessoal. Sempre usaram a riqueza não para a opulência, mas para simplificar
suas vidas, para que pudessem se concentrar em continuar desenvolvendo a
empresa.
É bom ser
fanático: eles buscam
pessoas fanáticas. Sabem que não existe caminho fácil para construir esse tipo
de empresa, apenas um esforço intenso, do longo prazo, sustentado. E o único
meio de construir esse tipo de empresa é ser fanático.
Disciplina e
calma (não velocidade) são a chave do sucesso em momentos difíceis: esses
momentos requerem um espírito de avaliação cuidadosa de opções seguida de
decisões calculadas. O importante é entender quanto tempo se tem para tomar
decisões e quando chegar a hora, se estar preparado para agir com firmeza.
Um conselho
de administração forte e disciplinado pode ser um ativo estratégico poderoso: Quando brasileiros e belgas se uniram para formar
a maior empresa de cerveja do mundo, as pessoas se perguntaram como aquelas
duas culturas poderiam coexistir. No entanto, elas se tornaram um todo
unificado. Isso aconteceu porque todos os envolvidos tinham uma única meta:
fazer o melhor para criar uma empresa vencedora e duradoura. O conselho toma
decisões e aloca capital visando o valor de longo prazo para os acionistas,
medido em várias décadas, não em trimestres.
Busque
conselheiros e professores, e conecte-os entre si: Jorge Paulo Lemann, desde cedo buscou ativamente
pessoas com quem pudesse aprender com quem pudesse aprender. E como se isso não
bastasse, também achou meios de conectar essas pessoas para potencializar ainda
mais o aprendizado de todos. E ainda hoje os três sócios continuam com o
espírito de estudantes, aprendendo com os melhores e depois ensinando à próxima
geração.
Recomendo a leitura deste livro para quem deseja saber como se
constrói e mantém uma cultura organizacional forte. E acredito também que a
vale a pena conhecer a história desses três brasileiros que estão no mesmo
nível de visionários dos negócios como Walt Disney, Henry Ford, Sam Walton,
Akio Morita e Steve Jobs.
Nenhum comentário:
Postar um comentário