Na GEC 2013 (conferência
global de empreendedorismo que aconteceu no Rio), um dos assuntos mais falados
foi a “falta de referências empreendedoras que temos no Brasil”. Isso é algo
que ouço sempre. Junto com o discurso “o Brasil será eternamente o país do futuro”,
“no Brasil isso não funcionaria” e “aqui a cultura do jeitinho brasileiro não
permitira que isso desse certo”, entre outras frases que só servem para nos
manter apáticos, se você também pensa
que não há pessoas nas quais se inspirar aqui nesse nosso maravilhoso
país, recomendo a leitura do texto abaixo.
Falta de
referências empreendedoras?
Vamos falar sério! Não fossem os mais do que
ignorados e socialmente rebaixados padeiros, donos de banca de jornal e de
pequenas fazendas, entre tantos outros, que levam silenciosamente o Brasil à
frente acordando na madruga todo dia para a gente beber nosso café quentinho
lendo as últimas notícias da semana, não fossem o Lehman, Sicupira e Telles,
admirados em todo o mundo por, em resumo, ir de sócios do Banco Garantia a
acionistas representativos da AB Inbev, maior cervejaria do mundo, Burger King,
Heinz Company, B2W, Lojas Americanas, Blockbuster Brasil e tantas outras, além
de iniciativas sociais como Fundação Estudar, o Fundo Gera Venture, entre
outros, ainda nos faltaria motivos para reclamar. Esses caras são admiráveis
por sua garra e por saberem jogar muito bem o jogo convencional de negócios.
Mas tem um cara que merece ainda mais espaço…
Sobre esses caras você lê nos blogs mais convencionais de empreendedorismo, afinal eles são bons fazendo o que já é feito. Hoje vim falar de um cara que, acredito eu, todo brasileiro deveria conhecer, Ricardo Semler. São pouquíssimos os que o conhecem, portanto faço questão de apresentá-lo a você…
Mas tem um cara que merece ainda mais espaço…
Sobre esses caras você lê nos blogs mais convencionais de empreendedorismo, afinal eles são bons fazendo o que já é feito. Hoje vim falar de um cara que, acredito eu, todo brasileiro deveria conhecer, Ricardo Semler. São pouquíssimos os que o conhecem, portanto faço questão de apresentá-lo a você…
Ricardo Semler nasceu am 1959 e tocando a
empresa do pai, a Semco, que
faturava US$4 milhões em 1982, chegou em 2003 faturando R$212 milhões. Como se
crescer 53 vezes a sua empresa em 21 anos não fosse o bastante, o que mais
interessa não é o resultado no qual ele chegou, mas sim como ele chegou lá.
Imbuido de um espírito extremamente questionador, aos 21 anos
Semler tornou-se presidente da empresa do pai e no seu primeiro dia de
trabalho como Presidente, demitiu 60% da diretoria e alta gerência. Ao
contrário de seu pai, ele acreditava num sistema mais participativo,
decentralizado. Ainda nos anos 80 ele começou a pensar novos produtos na Semco
através de um núcleo de inovação tecnológica. Menos de 10 anos depois, 2/3 dos
funcionários e dos produtos atuavam em produtos desenhados por esse núcleo. Mas
esse era só o começo.
Ainda motivado por sua visão mais humana das empresas, Semler começou a aplicar a Democracia Industrial. Termo cunhado por Pierre-Joseph Proudhon ainda no século XIX, uma indústria democrática descreve ambientes de trabalho industriais onde os funcionários tomam muito mais decisões do que no modelo hierárquico convencional. Alguns exemplos:
1. Na Semco os próprios funcionários fazem seus horários de trabalho (há 30 anos!!! Não vamos ser ingênuos de achar que isso é coisa de empresa tecnológica cool)
2. Lá os funcionários que entrevistam e contratam seus chefes. Não é o gerente que entrevista seus funcionários, mas os funcionários que escolhem seus gerentes.
3. O salário é dado em conjunto. De 6 em 6 meses todos param para ver quanto cada um ganhará. Seis meses depois, sentam na sala todos de novo para conversar e re-definir valores.
4. Lá não há planejamento estratégico ou qualquer termo bélico desses. Acredita-se que a realidade é muito instável e caótica para que possamos encaixa-la num plano mais longo do que 6 meses.
5. Os funcionários escolhem a cor do uniforme, além da cor de suas máquinas e outras coisas do dia a dia.
6. Pra quem viu o filme ali em cima viu que na Semco você pode abrir mão de 10% do seu salário para não trabalhar nas quartas. O programa chama-se “aposente-se um pouco”. Que tal?
Os exemplos vem nas dezenas!
Mas será que isso tudo funciona?
Bom, depende do que você considera “funcionar”, mas eu tenho alguns subsídios para te dar para você tirar suas próprias conclusões. Que a empresa cresceu 53x em pouco mais de 20 anos você já sabe. O que você pode não saber é que durante a complicada era Collor os próprios funcionários resolveram reduzir em 40% os próprios salários (sim, eles tomaram essa decisão sozinhos) já que sabiam que devido a recessão ou alguns teriam que ir embora, ou teriam de arranjar outra forma de trabalhar juntos. Já viu esse tipo de trabalho em equipe na sua empresa? Além disso, após ter contado essa e outras histórias escrevendo o maior bestseller de não-ficção da história do Brasil (Virando a própria mesa), Semler chegou também a escrever um livro chamado “O final de semana de 7 dias: mudando a forma como o trabalho trabalha”, o que já diz algo sobre sua qualidade de vida hoje.
“Ah, tudo bem a empresa parece funcionar mas ele não está fazendo nada ‘pelo mundo’”, você pode estar pensando. Em 1990 Semler foi pro lado da educação e fundou a escola Lumiar em São Paulo que desafia qualquer conceito que você tenha de aprendizagem.
Em tempos de mobilização social, quando estamos parando para pensar para onde devemos ir e quem são nossas referências, é importante refletir sobre o tema antes de sair falando. Se você não conhecia o Semler e quer fazer uma empresa diferente, leia um de seus livros:
Ainda motivado por sua visão mais humana das empresas, Semler começou a aplicar a Democracia Industrial. Termo cunhado por Pierre-Joseph Proudhon ainda no século XIX, uma indústria democrática descreve ambientes de trabalho industriais onde os funcionários tomam muito mais decisões do que no modelo hierárquico convencional. Alguns exemplos:
1. Na Semco os próprios funcionários fazem seus horários de trabalho (há 30 anos!!! Não vamos ser ingênuos de achar que isso é coisa de empresa tecnológica cool)
2. Lá os funcionários que entrevistam e contratam seus chefes. Não é o gerente que entrevista seus funcionários, mas os funcionários que escolhem seus gerentes.
3. O salário é dado em conjunto. De 6 em 6 meses todos param para ver quanto cada um ganhará. Seis meses depois, sentam na sala todos de novo para conversar e re-definir valores.
4. Lá não há planejamento estratégico ou qualquer termo bélico desses. Acredita-se que a realidade é muito instável e caótica para que possamos encaixa-la num plano mais longo do que 6 meses.
5. Os funcionários escolhem a cor do uniforme, além da cor de suas máquinas e outras coisas do dia a dia.
6. Pra quem viu o filme ali em cima viu que na Semco você pode abrir mão de 10% do seu salário para não trabalhar nas quartas. O programa chama-se “aposente-se um pouco”. Que tal?
Os exemplos vem nas dezenas!
Mas será que isso tudo funciona?
Bom, depende do que você considera “funcionar”, mas eu tenho alguns subsídios para te dar para você tirar suas próprias conclusões. Que a empresa cresceu 53x em pouco mais de 20 anos você já sabe. O que você pode não saber é que durante a complicada era Collor os próprios funcionários resolveram reduzir em 40% os próprios salários (sim, eles tomaram essa decisão sozinhos) já que sabiam que devido a recessão ou alguns teriam que ir embora, ou teriam de arranjar outra forma de trabalhar juntos. Já viu esse tipo de trabalho em equipe na sua empresa? Além disso, após ter contado essa e outras histórias escrevendo o maior bestseller de não-ficção da história do Brasil (Virando a própria mesa), Semler chegou também a escrever um livro chamado “O final de semana de 7 dias: mudando a forma como o trabalho trabalha”, o que já diz algo sobre sua qualidade de vida hoje.
“Ah, tudo bem a empresa parece funcionar mas ele não está fazendo nada ‘pelo mundo’”, você pode estar pensando. Em 1990 Semler foi pro lado da educação e fundou a escola Lumiar em São Paulo que desafia qualquer conceito que você tenha de aprendizagem.
Em tempos de mobilização social, quando estamos parando para pensar para onde devemos ir e quem são nossas referências, é importante refletir sobre o tema antes de sair falando. Se você não conhecia o Semler e quer fazer uma empresa diferente, leia um de seus livros:
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