Mary Parker Follet: a profetisa da
Administração
Nascida no fim do século 19, Mary Parker Follet (1868 - 1933) foi uma revolucionária e suas ideias construíram alguns pilares da Administração que inspiram teorias utilizadas até hoje.
Imagine um pesquisador que tem ideias
inovadoras em uma realidade que está vários passos aquém de sua linha de
pensamento. Nesse caso, é provável que seja difícil para este pesquisador se
fazer ouvir, receber crédito e conseguir avançar nas análises sobre sua teoria.
Ele ainda corre o risco de ser silenciado e até ridicularizado pela sociedade
que dificilmente compreenderia suas propostas. E se, na realidade, esse
pesquisador fosse uma mulher e sua época fosse dominada por homens? Pois
é, o tempo foi uma das barreiras para a difusão das ideias da estudiosa Mary
Parker Follet, que já no início da década de 1920 forneceu as mais valiosas
contribuições à Administração.
Considerada por Peter Drucker a
"profeta do gerenciamento", Follet foi pioneira ao introduzir o
conceito de circularidade na interação entre seres humanos. Ela explicava que
no comportamento circular existem, em uma discussão aberta, a confrontação e o
jogo livre na exposição de ideias. Há a integração das diferenças, ao invés de
haver dominação de uma ideia sobre as outras ou a concessão das partes na busca
por uma ideia comum a todos. Ou seja, surgindo um conflito em um grupo, as
soluções devem ser encontradas somente com a participação de todas as partes,
não por meio de uma “psicologia de adaptação”, mas de uma “psicologia de
invenção”.
No entanto, a dinâmica circular, que
pode sugerir um círculo virtuoso e positivo, que leva à criatividade e ao
desenvolvimento, também pode criar um círculo vicioso e negativo, levando à
esterilidade e à desagregação.
No momento em que um membro do grupo
toma posição frente aos demais, os outros também tomarão uma posição em relação
a ele. A hipótese do círculo de desenvolvimento que segue a espiral positiva
prevê que o comportamento socialmente integrador em uma pessoa tende a induzir
um comportamento análogo nos outros. Instaura-se, assim, um clima favorável
que, de acordo com Domenico De Masi, “multiplica e enriquece a troca de
informações em todos os níveis, elimina as ameaças e os medos, potencializa a
coragem de tentar e errar, atrai do exterior os melhores cérebros, protege os
participantes com personalidades mais fracas e os ajuda a permanecer no grupo,
determina a sintonia e a ‘extensão de onda’ comum, graças às quais é mais fácil
colher as mais sutis intuições, que frequentemente se revelam resolutivas”.
Precursora da Escola de Relação Humanas,
Mary Parker Follet desenvolveu conceitos que foram redescobertos por estudiosos
da Administração anos mais tarde. Apesar disso, poucos ouviram falar da
pesquisadora pois, como afirmou Peter Drucker, nos anos 1930 e 1940, suas
ideias, conceitos e preceitos desenvolvidos foram rejeitados. Seus ensinamentos
eram incompreensíveis naquela realidade, em que a sociedade estava dominada por
uma crença profunda na luta de classes. Patrões e empregados em eterna posição
antagônica.
Follet foi uma visionária que
desenvolveu um pensamento extremamente atual, que é base para o gerenciamento
colocado em prática no dia-a-dia das empresas. Ela faleceu em 1933 sem ter o
devido reconhecimento, mas suas pesquisas e constatações foram revolucionárias,
fundamentais e até hoje fazem história na Administração.
Nenhum comentário:
Postar um comentário