segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

Caso de Henry Molaison fez a neurociência entender os mecanismos da memória.

Caso H M  - Molaison morreu há pouco mais de quatro anos, sem saber que sua amnésia significou uma revolução para a neurociência.


Durante 55 anos, o americano Henry Gustave Molaison acordou sem saber o que tinha feito no dia anterior. Com QI acima da média e descrito como amoroso, engraçado e generoso, o paciente H.M. se lembrava do nome da cidade da Louisiana onde seu pai nascera, contava que os Natais em sua casa não tinham árvores enfeitadas e reconhecia artistas e celebridades dos anos 1940. Mas desconhecia completamente eventos que havia vivido algumas horas antes.


Molaison morreu há pouco mais de quatro anos, sem saber que sua amnésia significou uma revolução para a neurociência. Mesmo depois de participar de mais de 100 experimentos cognitivos ao longo de décadas, não conseguia se lembrar disso. Os pesquisadores, porém, jamais vão esquecê-lo. Foi graças ao paciente H.M. que se começou a compreender os mecanismos de armazenamento de fatos cronológicos, nomes, objetos; enfim, da memória.
Antes de Molaison passar, em 1953, por uma cirurgia experimental que removeu uma importante região de seu cérebro, esse era um conceito abstrato. Os médicos sabiam que a memória existia, mas não tinham ideia de onde ela estava. Esquecimentos e amnésia eram tratados mais em consultórios de psicanalistas do que de neurocientistas. Ninguém desconfiava da existência de diferentes tipos de memória: uma de curto prazo, que permite decorar um número de telefone e discá-lo pouco tempo depois, para então esquecê-lo; e outra de longo prazo, pela qual fatos, nomes e habilidades adquiridas são estocados. Os cientistas muito menos podiam supor que a memória de longo prazo tem subdivisões. 

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