O hierogrifo chinês para a palavra “mudança” consiste
em duas partes: uma significa perigo e a outra oportunidade. Não
coincidentemente, ambos os aspectos estão presentes em qualquer mudança.
Uma antiga história chinesa sobre um fazendeiro sábio
ilustra os aspectos duais da mudança. Na história, o cavalo do fazendeiro foge
e seu vizinho vem para oferecer solidariedade: “Que pena o que aconteceu com
seu cavalo”. O fazendeiro simplesmente responde: “Talvez”.
No dia seguinte, o cavalo do fazendeiro volta conduzindo
dois cavalos selvagens para o estábulo. Desta vez o vizinho congratula-se com o
fazendeiro: “Que virada da sorte!”. Novamente o fazendeiro responde: “Talvez”.
No dia seguinte, o filho do fazendeiro quebra a perna
tentando domar um dos cavalos selvagens, e novamente o vizinho vem oferecer sua
solidariedade. “Que pena…”, diz o vizinho. Novamente o fazendeiro simplesmente
responde: “Talvez”.
No dia seguinte, o oficial de recrutamento do exército
do Rei vem para a região levando todos os jovens com idade para lutar, mas como
o filho do fazendeiro havia quebrado a perna, ele é deixado para trás. E essa
história poderia se desenrolar infinitamente.
O modo como você vê a mudança afeta o quanto se torna
resiliente, palavra do latim resilio, que significa voltar ao estado natural. A
psicologia tomou essa imagem emprestada da física, definindo resiliência como a
capacidade do indivíduo lidar com problemas, superar obstáculos ou resistir à
pressão de situações adversas – mudanças, estresse, etc. – sem entrar em surto
psicológico.
A mudança é percebida pelo ser humano de maneiras
diferentes, principalmente devido às experiências únicas de cada indivíduo. No
dia a dia, a reação à mudança altera-se de acordo com a circunstância, o estado
de espírito, se ela foi planejada ou se a mudança simplesmente “caiu do céu” no
seu colo. Normalmente, sua resposta em momentos de transição seguirá um padrão
semelhante aos conceitos de mudança que você desenvolveu. Se a mudança é
encarada como perigo, então tende-se a reagir de maneira defensiva ou como se
estivesse sendo ameaçado.
Algumas pessoas, no entanto, vêem a mudança muito além
do que apenas perigo. Elas não ficam paralisadas, pois enfrentam os riscos como
oportunidades, desafios como aprendizados, e trabalho como um investimento para
o futuro.
Aqueles que sentem incerteza não como exceção, mas
como regra, não serão desencorajados por ocorrências inesperadas, pois
aprenderam que a vida desenvolve-se de maneira misteriosa e imprevisível. Eles
aprenderam que muita energia é desperdiçada por pessoas que tentam forçar o
mundo a adaptar-se às suas expectativas.
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